Chorei na estação central e quase me pus de joelhos
Pintei a cara de vermelho como mais tarde pintei a lâmina
Desaguei os olhos na frente dos seus olhos imóveis, petrificados
O meu rosto todo deformado
Como hoje eu me enxergo na sua ausência
O semblante caído como meu mundo diante das suas costas
Cada passo seu um punhal no meu peito
Lição de vida de gosto amargo
Naquele dia o céu do Rio de Janeiro chorou comigo
E o meu guarda-chuva eu entreguei à uma mulher qualquer
Quis juntar-me à água que caía e esvair em algum boeiro
O meu rosto deformado hoje
Amassado nas mãos que não seguram as suas
Molhado das lágrimas de um dia de abril de uma vida passada
Você foi embora e me levou junto um pedaço
Um naco da alma me foi arrancado
Vivo ainda o luto de um dia nebuloso do passado.
23 de dez. de 2014
O pranto no trago
O quarto impregnado de alcatrão me leva para a sala do meu apartamento
Você sentado sério no sofá à minha esquerda, eu estirada chupando fumaça
E nem lembro do que a gente falava, e nem lembro por quê perdera a graça
Olho para o cinzeiro entupido do seu cigarro de cravo que eu não suportava
Que quando volto da memória percebo me fazer tamanha falta
Andei centenas de quilômetros para poder fugir de todo rastro do passado
Mas basta o gosto do mingau de chocolate, basta o cheiro do meu cigarro
Para que eu retorne ao lugar que um dia foi seguro e também meu amparo
Teletransoprto-me para o nosso silêncio típico, um fim de dia útil qualquer
Percebo que até a ausência do teu toque e voz grave me preenche
Este meu novo aposento não tem nada de meu
O que me conforta, em momentos como o de agora
É que fora o cheiro de alcatrão, tampouco tem nada de seu.
Você sentado sério no sofá à minha esquerda, eu estirada chupando fumaça
E nem lembro do que a gente falava, e nem lembro por quê perdera a graça
Olho para o cinzeiro entupido do seu cigarro de cravo que eu não suportava
Que quando volto da memória percebo me fazer tamanha falta
Andei centenas de quilômetros para poder fugir de todo rastro do passado
Mas basta o gosto do mingau de chocolate, basta o cheiro do meu cigarro
Para que eu retorne ao lugar que um dia foi seguro e também meu amparo
Teletransoprto-me para o nosso silêncio típico, um fim de dia útil qualquer
Percebo que até a ausência do teu toque e voz grave me preenche
Este meu novo aposento não tem nada de meu
O que me conforta, em momentos como o de agora
É que fora o cheiro de alcatrão, tampouco tem nada de seu.
Daqui a pouco é fevereiro
Daqui a pouco é fevereiro, mês de Carnaval
E eu ainda gozo quando penso nele
Logo logo meu declínio faz aniversário
E eu vou chorar meu erro como nada
Daqui a pouco é fevereiro, aqui dentro vendaval
De lembrança, lamento e tesão
É dor, suor, apelo, gemido, súplica e amassos
Rodopiando no da minha história furacão
Logo chega fevereiro,
Vou viver 12 meses do meu sonho enterro
Mas assim que fecho os olhos e lembro
Mordo os lábios, a coluna feita em arco
Bem feito.
Carnaval da Sordidez
Se pudesse eu pararia a Linha Amarela
Esculpiria uma lágrima no rosto do Cristo
E silenciaria as ondas de Copacabana
Para dar voz ao meu pranto
Não obstante cobriria a Av. das Américas de rosas
E traria ao asfalto os batuques alegres dos morros
Faria chorar ainda mais aguda a cuíca na Praia Vermelha
Para expressar minha agonia
Nos cabos do Bondinho penduraria cartões em preces
Nos metrôs as próximas estações baldeação para nós dois
O arpoador mais afiado que nunca, entrando não no mar
Mas no coração doído no peito
Eu declararia aberto o maior carnaval da história do Rio de Janeiro
Para ecoar em todas as alamedas da lapa e escorrer de todo copo de cerveja
Que eu sinto muito
Que eu sinto tudo
Que eu sinto ainda.
Esculpiria uma lágrima no rosto do Cristo
E silenciaria as ondas de Copacabana
Para dar voz ao meu pranto
Não obstante cobriria a Av. das Américas de rosas
E traria ao asfalto os batuques alegres dos morros
Faria chorar ainda mais aguda a cuíca na Praia Vermelha
Para expressar minha agonia
Nos cabos do Bondinho penduraria cartões em preces
Nos metrôs as próximas estações baldeação para nós dois
O arpoador mais afiado que nunca, entrando não no mar
Mas no coração doído no peito
Eu declararia aberto o maior carnaval da história do Rio de Janeiro
Para ecoar em todas as alamedas da lapa e escorrer de todo copo de cerveja
Que eu sinto muito
Que eu sinto tudo
Que eu sinto ainda.
Pun(pela)gente
Observo o retrato que guardei querido
Um dos poucos pontos do meu quarto colorido
Por mais azul que seja o céu ao fundo o vejo amarelo
E reluz nos meus olhos e ecoa pela alma toda cadente
Sinto por receber tanto e não poder retribuir
Dou pelo tanto que sinto e recebo também por sentir
Punge-me o peito não ser quem te dá o que me causa
E não sou eu que te transbordo a alegria que a mim comove
Tudo! o quarto, a visão e a aura... tudo cinza
O amarelo some, descolore o gosto no céu da boca
Uma agulha no centro de toda saturação, esvaindo vida
Sinto, sinto, sinto e só dói e entristece
Por não te proporcionar o que ao meu ver merece
Um dos poucos pontos do meu quarto colorido
Por mais azul que seja o céu ao fundo o vejo amarelo
E reluz nos meus olhos e ecoa pela alma toda cadente
Sinto por receber tanto e não poder retribuir
Dou pelo tanto que sinto e recebo também por sentir
Punge-me o peito não ser quem te dá o que me causa
E não sou eu que te transbordo a alegria que a mim comove
Tudo! o quarto, a visão e a aura... tudo cinza
O amarelo some, descolore o gosto no céu da boca
Uma agulha no centro de toda saturação, esvaindo vida
Sinto, sinto, sinto e só dói e entristece
Por não te proporcionar o que ao meu ver merece
21 de dez. de 2014
Lighthouse Letter
Where are you now that nights are dark and days even darker? Where are now when once again I cannot step out of the house and need a push through the door? Do you remember that day I thought the world would kill me and was terrified to leave? You just rushed me out, took me two blocks away from home as I begged to go back in. You pushed me further, as you always did. You were brave for the both of us, without me asking you to be. I miss you singing around the house as you cook and shower and clean and even when you just walk in. I miss you imitating my voice, my talk, my walk and way to ask for things. I even miss your shower routine. I miss not someone else but the one I chose to share life with. Tonight I didn't sleep and facing the dawn I can't help but remember how hard it was learning again to lie alone, and the way I didn't ever need my sleeping pills when you were with me. I've learned so much since we're apart, somethings new, somethings I'm not even close to being used to again, but i'm learning a bit here and there. You know, sometimes I cook eggs and wonder if in the future I will be able to do it without a glimpse of you... sometimes I get high alone and remember your first time getting stoned. I'm hurt by you up untill now, and I can't forget you saying some people are just right to kill themselves, I wonder if ever in your mind I was one of them. But I know I hurt you too, and I know I put you through way more you could bare and somehow I'm releaved you don't need to put up with me anymore. I can and I've been doing just fine alone... You've known barely all my sides and I can be as strong as needy, as fierce and adaptable as helpless. I need no one. In fact, I don't even need you. I just miss you. You played such a role in my life and now that you aren't in it, it feels like a part of me is lost, cause with you I shared everything. And I feel deeply sorry (literally, I can feel sorrow taking over) that the last months we were together mostly of what I could offer was my pain. But I know as well I brought some great things, and I fear maybe, hopefully just maybe, I won't ever ever be able to share so much of me with anyone else. You were the world barier, mostly mine. You were the well where I sank my trulest emotions, my biggest fears and doubts. I wonder if you are doing fine and that's just silly. If I can adapt to anything you can do it ten times faster. Everyday little things here and there remind me of you, and every thought of mine is a prayer, wishing you the best and apologizing once more for all the things you put up to. I hope sometimes you think of me too. It pierces my chest to admit I know and accept in this life our paths won't ever come to cross again. We ran out of sources, and we're both draines from each others lives. But I keep the memories, all the fun and intimacy, all the mutual caring and building something up together. I thank you, more than anything I just thank you. But right now what moves me to rush and write this down is that I miss you. Not someone, not even anyone, but you. And you, my lighthouse, deserve the prettiest world to bare if you'd like to, I do and always will, wish you the best in your path.
"The night is darker before the dawn
Don't be afraid, I'll be right there behind you ".
10 de dez. de 2014
+1
Eu medi meu hábitos e anotei: escritora de boteco
Você, detalhista, mediu os rabiscos em meu braço
Consagramos assim o prólogo da minha tragédia
- Vamos, eu e você, entornar o caneco?
Já torta eu dei as costas, embriagada de você e do chopp
Inspira
Expira
Inspira
Expira
Expurga
Para no final da noite tocar insolente os seus lábios tensos
Sumir sorrindo enxergando um esboço de sorriso seu
Porque "Deal" é de acordo, é combinado, e o nosso foi
Poesificaria sua fotografia e prosaria o que eu só penso
E enclausurada entre paredes de versos e mais versos
Riscados à caneta eu observo um a um ganhando cor
Escrevo o que só acontece quando fecho os olhos
E o rumo do que escrevo se perde e eu deixo
Falava do prólogo e agora já cambaleio no epílogo
Do que como mulher eu quis e como mulher eu vi
E eu o vi ali naquela banco com o cabelo no rosto
O vi como a poetisa compulsiva que sou e exalo
Como a mulher regida por marte que quer e precisa
E urge e grita e aspira
Inspira
Expira
Inspira
Expira
Inspira: Mais um, meu jovem… Mais um poema que é só seu
6 de dez. de 2014
8 deitado
Aos 15 anos eu sofri uma noite de 3
Agora 20 sofrendo um apagão de 3/4
Aos 15 eu pensei que não havia jeito
Mas aos 18 reergui-me, fiz remendos
Que duraram só 3 do infinito no plano
A vida é cíclica, eu sempre sofro por 2
Eu passei 3 anos sem luz ou lanterna
Outros 3 com sabor de fruta mordida
Talvez aos 20 sofra agora por eu + 10
Mesmo com dor eu passei dos 15 1x
Há de ter perseverança agora por 100
Porque dado um tempo, fica tudo bem
30 de nov. de 2014
No abismo - logo de manhã
É inestimável o dom que desenvolveste, não vês?
Até teu silêncio me negaceia com vilã maestria
Tão doce quanto amarga, essa ideia de te querer
Enquanto tua cabeça pende sonolenta ao lado
Escondo os olhos entre as mãos tremendo tensas
Olho pela janela enorme, para as árvores correndo
Tal qual o momento de te ter corre incansável
Enquanto em pensamentos grito e peço e rezo
Para que haja silêncio e nos olhos a secura
Que um dia aprendi tolerar em ti...
Era até mais fácil assim!
Agora que me encostas e me sorri
Eu vejo-me beirando o fim!
Dançando na beira do abismo entre pensar e agir
Como o louco que nas cartas hoje de manhã abri.
29 de nov. de 2014
Na Rodoviária
Saí de perto pro meu vício indevassável e a cada tragada eu pensava em voltar, era hora da partida, voltaria em breve pra realidade. Por que então eu perdia 4 minutos preciosos chupando fumaça ao invés de só ficar quieta ao seu lado, naquele banco de rodoviária? Apaguei o cigarro na metade, na ansiedade de me colocar de novo perto do seu silêncio típico virginiano, dentro do qual você analisa tudo e todos. Caminhando de volta, tampei os ouvidos com os fones, na intenção de não parecer estar tão focada na sua presença, como eu sempre estou quando você está por perto, quando fazemos qualquer coisa juntos. No primeiro segundo em que te vi, com o cabelo enorme todo bagunçado tampando o rosto, a coluna irreverente dobrada e a brancura dos braços riscados, a música, aquela música que sempre me lembra a saudade que sinto quando estamos longe, começou a tocar. Os olhos marejaram e as mãos tremeram - um pouco mais… Foi isso, foi um segundo preenchido por um só acorde que me fez perceber com mais clareza que nunca: meu maior apreço é também meu maior algoz. Eu o amei por um segundo como nada na vida.
Caminhei, foram 31 passos contados até sentar novamente ao seu lado, até eu me recompor e parecer relaxada… Por dentro eu gritava o que jamais diria em voz alta, o que nego até agora, o que ao vê-lo jogado naquele banco me veio como um chute - com dois pés - no peito: Eu te amo, será?!
27 de nov. de 2014
Bonsuir
Os outros são absurdos ocasionais
Mas com o acaso só falta coragem
Porque se não chove, eu não durmo
Só com coragem, só com o tempo
Só com vontade, meu enfrentamento
Enrolar a língua para pensar solta
Para pedir no silêncio o além roupa
E até quando chove eu não durmo
Todos sonhos arrastados na areia fina
Adivinhando todo som no meu ouvido
No ouvir atrás dos olhos tu vens vindo
Só com o tempo, terei coragem
Só com enfrentamento da minha vontade
Soltar a língua perante semblante enrolado
Pedir no silêncio para poder dormir
21 de nov. de 2014
A porta da varanda
Lá fora chove e eu escancarei a porta da varanda
Era a porta ou a minha boca afinal
E se esta fosse a eleita, rasgaria-se em um grito
De inicio hesitante e então bestial
As gotas perante minha exaltação se poriam curvas
Gesto solidário às que me escapam
Como se buscando semelhante que não meu sangue
Que corre denso e de correr cansado
Lá fora chove e eu escancarei a alma na varanda.
Era a porta ou a minha boca afinal
E se esta fosse a eleita, rasgaria-se em um grito
De inicio hesitante e então bestial
As gotas perante minha exaltação se poriam curvas
Gesto solidário às que me escapam
Como se buscando semelhante que não meu sangue
Que corre denso e de correr cansado
Lá fora chove e eu escancarei a alma na varanda.
Iconoclastia pós moderna
Saltarão aos olhos nossos feitos nos livros da prole que a nós segue
E papilas artísticas formigarão no estalar da língua ao dizer:
Que quebraram as regras
Que rasgaram as imagens
Que traíram os postulados!
Ecos nos vãos entre colunas que sustentam nossa geração engulhante
Bradarão uníssonos o riso que tardará preencher nossas enrugadas bocas:
E eram todos medíocres
E eram todos iguais
E causavam-nos espanto!
Brindaremos jocosos o alarde de nossa audácia fruto de presente inato
Obra minha e sua ornarão dos futuros verdadeiros rebeldes a parede do quarto
Porque não terá sido por ninguém
Porque não terá sido por ansear ser coisa qualquer
Porque só terá existido por ter sido nossa missão
Um brinde
E papilas artísticas formigarão no estalar da língua ao dizer:
Que quebraram as regras
Que rasgaram as imagens
Que traíram os postulados!
Ecos nos vãos entre colunas que sustentam nossa geração engulhante
Bradarão uníssonos o riso que tardará preencher nossas enrugadas bocas:
E eram todos medíocres
E eram todos iguais
E causavam-nos espanto!
Brindaremos jocosos o alarde de nossa audácia fruto de presente inato
Obra minha e sua ornarão dos futuros verdadeiros rebeldes a parede do quarto
Porque não terá sido por ninguém
Porque não terá sido por ansear ser coisa qualquer
Porque só terá existido por ter sido nossa missão
Um brinde
Só porque eu deixei.
Aí você apareceu e tomou à força horas do meu dia
E eu deixei
Não bastante acabou por preencher minhas insônias frequentes
E eu deixei
Aí então eu percebi que já nem precisava pedir licença
Você caiu foi mesmo de cabeça em minha nova vida
E quando não chega de supetão derrubando a porta,
Sou eu quem ansiosa a deixa entreaberta na maciota
Pra sempre que você quiser poder entrar
Aí você destilou toda minha essência e a aprimorou
E eu deixei
Você desbravou todos os labirintos da minha complexidade
E eu deixei
Aí então eu vi que já era tarde e que estava feito
Confiei minha alma à você que só me faz o bem
Devota que sou entrego o riso que é teu por direito
E assisto, lamentando deveras no miudinho
Você me tomando nos braços e me colocando ao lado
Mas ao lado somente
Por que? Eu deixei.
E eu deixei
Não bastante acabou por preencher minhas insônias frequentes
E eu deixei
Aí então eu percebi que já nem precisava pedir licença
Você caiu foi mesmo de cabeça em minha nova vida
E quando não chega de supetão derrubando a porta,
Sou eu quem ansiosa a deixa entreaberta na maciota
Pra sempre que você quiser poder entrar
Aí você destilou toda minha essência e a aprimorou
E eu deixei
Você desbravou todos os labirintos da minha complexidade
E eu deixei
Aí então eu vi que já era tarde e que estava feito
Confiei minha alma à você que só me faz o bem
Devota que sou entrego o riso que é teu por direito
E assisto, lamentando deveras no miudinho
Você me tomando nos braços e me colocando ao lado
Mas ao lado somente
Por que? Eu deixei.
20 de nov. de 2014
Como Dois Iguais
Um moço altivo
De andar arrastado
Deixou apertado
Seu coração
De olhar arisco
E fala nasalada
Partiu e deixou seus nervos
De aço no chão
Um moço meio gato
De feitio reservado
Que ao se ver exposto
Esconde-se e aperta de novo
Seu coração
Foi mistério e segredo e muito mais
Foi meticulosa brincadeira divina e muito mais
Encontrar seu oposto e serem iguais
Uma moça bonita
De olhar gateado
Abriu em pedaços
Seu coração
Uma alma agitada
De fala eloquente
Aos impulsos cadente ao vê-lo partir
Viu-se no chão
Esse moço planejamento
Essa moça execução
Separaram-se mas celebram distantes
Tal união
Foi mistério e segredo e muito mais
Foi meticulosa brincadeira divina e muito mais
Encontrarem seus opostos e serem dois animais iguais.
De andar arrastado
Deixou apertado
Seu coração
De olhar arisco
E fala nasalada
Partiu e deixou seus nervos
De aço no chão
Um moço meio gato
De feitio reservado
Que ao se ver exposto
Esconde-se e aperta de novo
Seu coração
Foi mistério e segredo e muito mais
Foi meticulosa brincadeira divina e muito mais
Encontrar seu oposto e serem iguais
Uma moça bonita
De olhar gateado
Abriu em pedaços
Seu coração
Uma alma agitada
De fala eloquente
Aos impulsos cadente ao vê-lo partir
Viu-se no chão
Esse moço planejamento
Essa moça execução
Separaram-se mas celebram distantes
Tal união
Foi mistério e segredo e muito mais
Foi meticulosa brincadeira divina e muito mais
Encontrarem seus opostos e serem dois animais iguais.
19 de nov. de 2014
Artista
Enxergo-te sensibilidade fora do comum
Enxergo-te lúcido, analisando tudo
Observando a todos, os braços, os olhos
E a tudo.
Grito-te silenciosa, ensaiando a caneta
No corpo branco cansado que porta os olhos
Que olham a todos, os braços, meus olhos
E tudo.
Disse e ainda cumpro a promessa
Vou te riscar de caneta preta permanente
Para que vejam todos: nos braços, nos olhos
Em tudo.
Por mais que fujas do que lhe foi dado
E que esquive os gestos ao perceber-se relaxado
Hão de saber todos: teus braços, teus olhos
Tudo
Exala o que eu já cansada repito vez após vez:
- ARTISTA! ÉS ARTISTA!
Através dos olhos dele
Quando vejo-me perdido gosto de olhar diretamente para o sol.
Assim, sem medo. Sem mais, nem menos.
Observo apenas a bola de luz que em pouco tempo derrete-se sobre meus olhos, inundando todo meu viver com uma luz branca incorruptível e majestosa.
Assim, sem medo. Sem mais, nem menos.
Observo apenas a bola de luz que em pouco tempo derrete-se sobre meus olhos, inundando todo meu viver com uma luz branca incorruptível e majestosa.
Por mais belo que seja este momento de luz eu o vivo justamente pelo momento que me punge a seguir: Ao rolar os olhos para qualquer outra direção o mundo veste-se de novas cores, move-se impecável! É nesta dança em câmera lenta que enxergo melhor as formas do que me cerca.
É assim, em poucos segundos, que sou capaz de ver além da luz do sol, vejo a luz na Terra, a luz que é minha e que é dela.
A vejo com a minha pupila ébria, inundada de luz, compondo a silhueta daquela que protejo e sei proteger-me também.
É assim, em poucos segundos, que sou capaz de ver além da luz do sol, vejo a luz na Terra, a luz que é minha e que é dela.
A vejo com a minha pupila ébria, inundada de luz, compondo a silhueta daquela que protejo e sei proteger-me também.
-
Obrigada pelo momento de inspiração, obrigada pela parte que me comove e me sustenta.
16 de nov. de 2014
Poema de Whatsapp
Não dificulta nossa comunicaçãoEu juro pra você, Vitória: quero ser teu amigo.
Eu tô tentando te entender
Mas não consigo
Você tem que me ajudar
Mas assim não dá
Nem sequer uma letra posso falar
Que você me interrompe pra reclamar
Eu juro pra você, Eli: que eu tento, tento mesmoCansei! Vou ser Johnny Depp
Mas você não coopera
Essa unilateralidade não leva a nada
Se ficar famoso... não me esquece?
Desculpa que eu desliguei no "Beijo"
Se não tiver graça, a gente inventa
Se não tiver resposta, é um ukelele
Se não tiver diálogo, a gente canta
Você que compõe minha calma
Você que conhece a minha alma
Você que nunca abaixa a guarda
Eu que sou pequena e frágil
Eu que sou amiúde vulnerável
Eu que forte nas suas palavras
Se não tiver resposta, é um ukelele
Se não tiver diálogo, a gente canta
Tão bonito que chega ser grotescoObrigada
Tão simples que chega ser imenso
Tão instantâneo que supera o tempo
Você que compõe minha calma
Você que conhece a minha alma
Você que nunca abaixa a guarda
Eu que sou pequena e frágil
Eu que sou amiúde vulnerável
Eu que forte nas suas palavras
7 de nov. de 2014
6 de copas
Reviro os olhos ao ser tangida pela luz que acompanha os rastros do início, quando definimos os nossos significadores. A vida toda me vi regida pelo carneiro que me impulsionou e presenteou com o ímpeto do fogo e otimismo dos corajosos: nada me surpreende que me vi no naipe primeiro, já de de cara, assim sem rodeios.
Acontece que o 8 de paus define irônico tudo o que eu faço, dá um risinho cínico, a boca rasgando pra um lado sempre que me encara de volta da mesa, eu só concordo e emudeço a boca, emprestando a voz aos pensamentos efervescentes. Aflita sob o olhar do Mago, perdida entre as espadas nesse oceano imenso eu me volto para a Lua, me pergunto qual o motivo de meus freios! Para que então a escrotisse desse Mago quando questionado os meus anseios?
Os olhos retornam à razão e de espadas cruzadas observo o Rio correr... Abri todos as tiragens e mostrei uma a uma, todas as minhas cartas; deixei ver toda minha vontade escancarada e agora, já metamorfoseada em cálice ansioso por ser empunhado, eu já não diferencio início do fim, o teu não do teu sim.
27 de out. de 2014
Eu quase nunca morro
Cada boca que eu beijei guarda um pouco da minha saliva
No caminho que trilhei tem marcada minha passada esquiva
A verdade, amado, te explico: minha existência é nada se não fluído
Esgueiro-me nos poros de quem acaricio e por lá fico
Cravo as unhas nas costas de quem amo e lá me finco
Até no soprar do vento eu de meus cabelos deixo os fios
Eu quase nunca morro, eu já lho disse!
Até mesmo no nascer de minha morte eu rogo:
No caminho que trilhei tem marcada minha passada esquiva
A verdade, amado, te explico: minha existência é nada se não fluído
Esgueiro-me nos poros de quem acaricio e por lá fico
Cravo as unhas nas costas de quem amo e lá me finco
Até no soprar do vento eu de meus cabelos deixo os fios
Eu quase nunca morro, eu já lho disse!
Até mesmo no nascer de minha morte eu rogo:
Perece o corpo! Morri, quiçá...
Na memória de quem toquei talvez, fiz lar eterno.
Palavra da Gengiva
Já tô pra bater cabeça na parede pra poder falar
Tá saindo palavra da gengiva, eu tô rangendo dente
Estalando pescoço tal qual doida pra não endoidar
Eu corro o dedo no teclado de olho estalado dormente
Meu ouvido gritando que nem chaleira, meu pé entortando de ré
Há tanta coisa que não sei mais fazer palavra, eu faço sílabas
Olho de soslaio pra caneta:
vou rabiscar teu mundo com o que sai da minha veia
Tá saindo palavra da gengiva, eu tô rangendo dente
Estalando pescoço tal qual doida pra não endoidar
Eu corro o dedo no teclado de olho estalado dormente
É preciso produzir, tem que se expressar!Há tanto na cabeça que não cabe na língua nem sei em libras
Meu ouvido gritando que nem chaleira, meu pé entortando de ré
Há tanta coisa que não sei mais fazer palavra, eu faço sílabas
Olho de soslaio pra caneta:
vou rabiscar teu mundo com o que sai da minha veia
É preciso traduzir, nem que tenha que sangrar!
O dia em que abri a porta de trás
O chão rajado púrpura sob pés duros de gente tal qual gesso
Cercado de paredes altas imponentes isolando-me do mundo
Restando apenas um grito ensurdecedor no silêncio espesso
O chão de um Pollock Suicida, os ladrilhos tortos solidários
O alicerce da minha casa me foi sempre morno e acolhedor
Já as paredes me sufocavam, só quadros, portas e armários
Tentei correr mas vi-me de novo no piso de meu lar algoz
"Há que abandonar esta casa de família, ha de ir sozinha!”
A porta da frente sob o pé direito alto, como da mãe a voz
Rasguei as raízes do chão, quero viver não vida tua, a minha!
Dei as costas ao hall enorme de minhas dores
Segui arfando até a porta de trás, meu último recurso
Pisando na soleira vi-me abandonar os primeiros amores
Adeus à todos, estou livre, meu destino mais que nunca obtuso.
21 de out. de 2014
Pêndulo Limítrofe
No balanço amarelo dos meus poucos anos
Olhos apertados e os punhos cravados na corrente
Eu pendo incerta, danço as pupilas atrás das pálpebras
Eu sinto o vento na face, o cabelo na testa franzida
Uma barreira entre o eu e o mundo
Os fones no ouvido, um botão de mudo
Achava mais fácil se para cada lágrima da vida
Eu pudesse retroceder um dia
Se para cada ranger do balanço amigo
Eu pudesse reaver pequena alegria
Sentindo doer os braços cansados
Desejo abraços que antes rejeitados
É incerto se quando menor era melhor
Se sofri menos ou mais: nos capítulos do meu viver
Houve sempre uma constante, sem motivo aparente
Sempre que fitei-me a fundo percebi-me sofrer
O que há de errado na minha cabeça? Personalidade limítrofe.
Limite entre o que e o que? O diagnóstico uma epígrafe
Sempre aqui a companhia da "falta do quê?"
Sempre me faltou a companhia de quem me ajudasse entender
O que sou o que quero o que vivo o que sinto o que é que eu queria dizer ao escrever?!
...Gosto de balançar no balanço amarelo pra esquecer da vida.
Olhos apertados e os punhos cravados na corrente
Eu pendo incerta, danço as pupilas atrás das pálpebras
Eu sinto o vento na face, o cabelo na testa franzida
Uma barreira entre o eu e o mundo
Os fones no ouvido, um botão de mudo
Achava mais fácil se para cada lágrima da vida
Eu pudesse retroceder um dia
Se para cada ranger do balanço amigo
Eu pudesse reaver pequena alegria
Sentindo doer os braços cansados
Desejo abraços que antes rejeitados
É incerto se quando menor era melhor
Se sofri menos ou mais: nos capítulos do meu viver
Houve sempre uma constante, sem motivo aparente
Sempre que fitei-me a fundo percebi-me sofrer
O que há de errado na minha cabeça? Personalidade limítrofe.
Limite entre o que e o que? O diagnóstico uma epígrafe
Sempre aqui a companhia da "falta do quê?"
Sempre me faltou a companhia de quem me ajudasse entender
O que sou o que quero o que vivo o que sinto o que é que eu queria dizer ao escrever?!
...Gosto de balançar no balanço amarelo pra esquecer da vida.
20 de out. de 2014
Auto Parto
Ébria ao concentrar-me no próprio pulso
Torci-me até quebrar o diafragma em dois
E inalei a lava pura em sincero impulso
Queima o peito como se fosse dor
E peito a dor como se queimasse
Tudo a que antes dediquei louvor
Ao assistir o eu que em mim nasce
Com o punho hábil torci o esôfago
Rasguei o cordão umbilical no dente
E deixei no ar um beijo sôfrego
À de meu renascimento plateia ausente
Há por aí novos ares, novos sabores
Há de reconstruir minhas papilas
Não exigir muito de novos amores
Há de rasgar mais largas as pupilas
Enxergar precisa a reconstrução de minhas cores.
Orgasmo Emocional
Encarnei como se uma última chance me fosse dada
Cravei violenta no livro de minha vida letra por letra
Recebi e imprimi em meu corpo cada vil resquício
De qualquer sensação à minha alma sedenta concedida
Fuídico, vísceral e implacável
Meu soprar de energia vital
Meu baforar úmido de satisfação
Correu-me no corpo como o sangue inflamado
Tremeu-me a alma como as rijas coxas fazem
No encontro do meu gozo terno e a tua saliva
Recebi e entreguei como se fosse a última vez
Ah! Aflita fico ao ver que no âmago desejo
Pura e sinceramente
Que não o seja!
Tô fodida!
Cravei violenta no livro de minha vida letra por letra
Recebi e imprimi em meu corpo cada vil resquício
De qualquer sensação à minha alma sedenta concedida
Fuídico, vísceral e implacável
Meu soprar de energia vital
Meu baforar úmido de satisfação
Correu-me no corpo como o sangue inflamado
Tremeu-me a alma como as rijas coxas fazem
No encontro do meu gozo terno e a tua saliva
Recebi e entreguei como se fosse a última vez
Ah! Aflita fico ao ver que no âmago desejo
Pura e sinceramente
Que não o seja!
Tô fodida!
30 de set. de 2014
Pequena
Enquanto recortava revistas em quadrinhos, com os dedos escamando cola branca, ouvi no cômodo ao lado um baque abafado por um choro que me pungiu o peito. A pequena estabacou-se outra vez, tadinha... Fui ao seu encontro e a vejo ali, com as mãozinhas brancas no joelho levemente dobrado, já engolindo choro e olhando a quina da porta com uma raiva encantadora; com os olhos ainda inundados e o rosto todo vermelho ela me conta, injustiçada:
- Bati o joelho!
Peguei-a no colo, comovida como poucas vezes na vida - todas à pequena relacionadas - e perguntei-lhe baixinho, sabendo que assim ela prestaria mais atenção em mim do que no joelho coitado:
- Qual deles, o esquerdo ou o direito?
- Direito
Sempre me encanta esse jeitinho dela pronunciar o "r", imitando um motorzinho. Beijei então propositalmente o joelho esquerdo e, assustada, respondeu dando um pulinho em meus braços:
- É o outro!!!
- Ah, é?! Obrigada! Quase errei, hein?!
Ela não respondeu mas torceu a cara tentando conter o sorriso satisfeito que esboçou. Beijei o joelho direito e a colocando no chão não dei tempo para que voltasse a prestar atenção na dor, continuei:
- Mas você tá mais esperta que a mamãe! Já sabe até o que é direito e o que é esquerdo! Eu esqueço sempre!
Já menos vermelha e sorridente ela disse que dali pra frente eu poderia perguntar quando quisesse, porque ela me lembraria caso esquecesse qual lado é qual, enquanto virou-se desengonçada e foi em direção ao quarto com o rabicó no alto da cabeça balançando, e a blusinha de gola rolê listrada dando sinais de que já estava pequena. Havia tanto nela de mim.
- Bati o joelho!
Peguei-a no colo, comovida como poucas vezes na vida - todas à pequena relacionadas - e perguntei-lhe baixinho, sabendo que assim ela prestaria mais atenção em mim do que no joelho coitado:
- Qual deles, o esquerdo ou o direito?
- Direito
Sempre me encanta esse jeitinho dela pronunciar o "r", imitando um motorzinho. Beijei então propositalmente o joelho esquerdo e, assustada, respondeu dando um pulinho em meus braços:
- É o outro!!!
- Ah, é?! Obrigada! Quase errei, hein?!
Ela não respondeu mas torceu a cara tentando conter o sorriso satisfeito que esboçou. Beijei o joelho direito e a colocando no chão não dei tempo para que voltasse a prestar atenção na dor, continuei:
- Mas você tá mais esperta que a mamãe! Já sabe até o que é direito e o que é esquerdo! Eu esqueço sempre!
Já menos vermelha e sorridente ela disse que dali pra frente eu poderia perguntar quando quisesse, porque ela me lembraria caso esquecesse qual lado é qual, enquanto virou-se desengonçada e foi em direção ao quarto com o rabicó no alto da cabeça balançando, e a blusinha de gola rolê listrada dando sinais de que já estava pequena. Havia tanto nela de mim.
25 de set. de 2014
Trago prúrido
Da noite prima o trago último
Doors preenche o ar que mordo
Encaro aguda meu estorvo:
O vazio preenche o peito morto
Enceno aflita o ápice de meu malogro:
Doors preenche o ar que mordo
Encaro aguda meu estorvo:
- És tu, O corvo?! Não! És dos males étimo;Dos tragos o queimar último
Do meu rio o delta; das arrematações a mais grave;
Do meu verão a mais severa tempestade! És tu!
O vazio preenche o peito morto
Enceno aflita o ápice de meu malogro:
- NUNCA MAIS!
2.
Quando fazes assim, me dizes com tanta nitidez o que te aflige, quebra-me um por um os ossos já fracos, por luto meu deteriorados. Eu, que outrora encarei demônios aos teus tão semelhantes e sujei as mãos de sangue - meu e daqueles cá dentro com quem lutei, vejo-me impotente, descalibrada. Perceber em ti nuances de todo meu penar, identificar nos teus predicados sílabas que já compuseram os meus, desola-me a alma e prostro-me estéril: incapaz de gerar no âmago qualquer ação que poderia, porventura, abrandar teus mares, que fantasio vez ou outra navegar.
Assinado, Eu.
Sinto-me tal qual aleijada, quero envolver-te e arrancar nas unhas cada ensaio de frase continente de tristeza que em ti habita, mas os braços não obedecessem e por fim, ao fitar-me os braços, vejo-me desprovida deles. Meus membros de nada te valem neste momento, pois só os teus poderão com efeito sacudir a poeira sórdida que o envolve. Permaneço figurante da batalha tua, ali no canto, ainda fitando os braços, ainda querendo movê-los, ainda frustrada ao ver que não obtenho sucesso. Reduzi-me à tarefa de acompanhar-te, a observar de longe e a torcer as entranhas em uma força desumana a fim de que minhas intenções te sejam proveitosas. Mas juro que se o pudesse, tomaria tuas aflições todas e as aniquilaria, uma à uma, sozinha.
A dor tua me punge o peito; quero que o saiba e quero que o sinta sincero. Mantenho-me, como sempre estive: discretamente presente, te esperando só braços e afeto, para abraçar-te quando a maré baixar ou só quando no abraço meu quiser atracar. Tens aqui uma amiga, o juro.
A dor tua me punge o peito; quero que o saiba e quero que o sinta sincero. Mantenho-me, como sempre estive: discretamente presente, te esperando só braços e afeto, para abraçar-te quando a maré baixar ou só quando no abraço meu quiser atracar. Tens aqui uma amiga, o juro.
Assinado, Eu.
19 de set. de 2014
1.
Inspiro desesperadamente e tento conter os braços de erguerem-se na frustrante tentativa de tanger com a ponta dos dedos qualquer rastro de lucidez; expiro já cansada, tamanho esforço que esta tarefa, incessante e ritmada, exige da minha pessoa há muito abatida pelo vagaroso passar dos anos.
Vejo-me no centro de um alvo, em tons de cinza, com o cenho tenso e olhos espremidos, aguardando sei rumar há tempos em direção ao centro do meu peito: o centro do erro. Por trás das pálpebras cerradas, reviro os olhos para a testa onde desenhei um ponto de interrogação que veste-se de alternadas cores fosforescentes, pulsando, na tentativa de incomodar-me com intensidade tal que uma resposta concreta surgiria imediatamente em minha cabeça, em uma célebre performance analógica aos primórdios da existência: Um Big Bang pessoal, íntimo e secreto. E saberia então o que fazer com tamanho desejo em meu corpo sólido, estático e criptografadado: na pele metálica jazem dezenas de súplicas que urgem a qualquer estímulo mundano que remeta a existência do meu objeto de maior estima e também algoz.
É, pois, das torturas a mãe, esta tarefa à mim designada: Calar toda e qualquer palavra afetuosa que me sobe a garganta; amarrar os braços que insistem em esticar-se ao ver na minha frente tudo que me inspira o mais belo e grotesco dos sentimentos. Grito em silêncio, por meus anseios humilhada, fadada a contentar-me com seja lá o que for que estás disposto a oferecer-me, pois, até migalhas de carinho causam-me a mais plena, mesmo que efêmera, alegria. E sigo assim... aproveitando esses momentos do mais puro júbilo que é capaz de tomar-me todo o ser pelas mãos quando os fonemas que compõe meu nome irradiam do céu da tua boca, até mesmo quando o pronuncias errado, por graça.
Não julgo-me dotada da força e sobretudo coragem que me seriam necessários para entregar-te cada uma das palavras que escondida te dedico. Reina aqui o medo de perder os poucos privilégios que me concede, há pavor de assustar-te tanto que resolvas partir. Duelam em mim a mais desesperada urgência de fazer-te ciente de tudo que à mim causa, e o mais colossal dos medos, que paralisa-me toda vez que me percebo prestes a ceder aos desejos que assomam e me gritam ao menor dos contatos. Surpreendo-me às vezes tranquila, nos raros momentos isentos da tua lembrança, mas basta-me a menor menção da tua presença para que me enxergue novamente prostrada imóvel, capaz apenas de assistir esse duelo de supremas forças em meu peito. Sei bem do desespero que evidenciaria se lhe entregasse, assim claro e límpido, o conjunto de orações que exprimem o que sinto. Mas o juro ser puro! E o juro ser imbatível nesta batalha que decidi travar contra minhas urgências.
Controlo-me e imprimo o maior dos esforços para não transparecer o quanto o quero e o que sinto e julgo-me a maior das covardes por não ter a força que me é exigida para abrir-me tal qual escrevo ou partir de vez... Pois se é iminente o ter de suprimir tudo que aqui há, se cedo ou tarde terei de encarar a necessidade de extinguir o que sinto, não vejo mais - mesmo que me convença, todos os dias, a fazê-lo - por quê fingir que em mim não habita o indizível. Permaneço ainda fraca e medrosa: contento-me da mais melancólica maneira com a amizade que me ofereces, a qual sinceramente aprecio com cada centímetro da minha existência. Ridícula que sou e sinto, aceito-a de bom grado e guardo como a um tesouro qualquer gesto afetuoso que por ventura possa vir a dirigir-me.
Assinado, Eu.
18 de set. de 2014
Métodos
Quis beijar mas soletrei
Quis gritar mas pontuei
Quis amar mas registrei
Não há mais possibilidade
Configurei-me dissimulada
Exalo sublime estabilidade
Escolhi dizer-te o nada
Não há mais pulso aqui:
Há letra seguida de letra
Linha posta sob linha
Fiz do amor no peito toda a obra minha.
Quis gritar mas pontuei
Quis amar mas registrei
Não há mais possibilidade
Configurei-me dissimulada
Exalo sublime estabilidade
Escolhi dizer-te o nada
Não há mais pulso aqui:
Há letra seguida de letra
Linha posta sob linha
Fiz do amor no peito toda a obra minha.
Ínterim - a ti - cadente
E amarras o cabelo
E amarro a línguaE cruzo os dedos
E cruzas os braços
E prendes o corpoE magnetiza os ossos
E prendo meu diafragma
E magnetizo os olhosE mastigação exaustiva
E pungente na gengiva
E corre na salivaE olho pra cima
E encaro os sapatos
E amarras o cabelo
Deslizes
A cada segundo o ponteiro caminha
Eu mesma ando em ritmo marcado
Vez ou outra fragmentada
Ando sozinha até quando acompanhada
Temo irredutível o não-singular
Nesta espiral tétrica desço em admiração sagrada
E não renuncio a escolha
E não largo o osso
E mesmo tolhida de braços
Compassada sozinha sigo
Cedendo do todo amiúde o subjetivo
Que escapa-me autônomo e vai ter contigo.
Eu mesma ando em ritmo marcado
Vez ou outra fragmentada
Ando sozinha até quando acompanhada
Temo irredutível o não-singular
Nesta espiral tétrica desço em admiração sagrada
E não renuncio a escolha
E não largo o osso
E mesmo tolhida de braços
Compassada sozinha sigo
Cedendo do todo amiúde o subjetivo
Que escapa-me autônomo e vai ter contigo.
15 de set. de 2014
Há cá uma garota. Parte I
TRIGGER WARNING: Auto-mutilação. Esse post não tem a intenção de promover nem exaltar a prática, é apenas um relato poético. Não leia caso possa provocar a urgência de mutilar-se.
Astro
Como a lua dança, rodeiam-me teus olhos de água turva
Como as fases da lua teus rodeios desaguam-me os olhos
Danço minguante sob a lua nova e no peito amor crescente
Na alma crateras fruto de minhas quimeras, de nos seus braços
Ver-me cadente.
Como as fases da lua teus rodeios desaguam-me os olhos
Danço minguante sob a lua nova e no peito amor crescente
Na alma crateras fruto de minhas quimeras, de nos seus braços
Ver-me cadente.
Vermelho, azul e preto.
Vermelho de sangue, do pulso nas veias, de tesão! De punho cerrado a conter os dedos apontados todos para o teu corpo. Vermelho de fogo, ardendo as entranhas, inflamando a gengiva que agarra os dentes mordendo a língua que procura a tua.
Azul de ternura, de alma doce, sorriso sincero, adormecer em paz nos teus braços ternos. Azul de paixão mansa, inundada em um mar de beijos macios em boca tranquila por repousar absorta em tua companhia.
Preto pela bifurcação, por tatear no escuro em caminhos inconstantes deste meu coração. Preto pelo luto da lucidez, pela divisão do desejo: encontrei em duas partes distintas o resumo do meu querer sublime.
14 de set. de 2014
Confirmou-se o fim daquilo que eu sozinha comecei. Não vislumbrei sequer a chance de cruzar a linha de chegada, interromperam-me em meio ao caminho tortuoso e obscuro que são teus sinais oblíquos. Tampouco degustei-te o suficiente para manter nos lábios o sabor dos teus! Rumei ainda assim a trilha, abaladiça e ofegante, com os pés ardendo e os ombros mais pesados a cada curva. Escureceu e a lua não se fez presente, sumi e murchei. Não havia mais como seguir, sem uma luz amiga para que me guiasse, deitei no chão e ali fiquei. Aceitei o frio assomando, enquanto anseava o teu calor que não conheci... O escuro, a dúvida, a fadiga e o desamor, acolhi-os todos e agora só resta esperar amanhecer, para que eu possa enxergar e assim voltar a caminhar, fora dos caminhos teus.
12 de set. de 2014
Na aula de gramática
Craseamos cúmplices um flerte discreto
Olhar metonímea de absoluto afeto
Sorteei-te um ou outro verbo
Ocultando de um beijo desejo secreto
Paradigma injusto nosso predicado
Transitiva, eu rumo só no enunciado
Em ironia histérica te desprezo
Há enciclopédias no teu falar monossilábico
Agonizo em tamanha ambiguidade
Soletro olhares aglutinados, soslaios
Compartilhamos suspeitos a supresão da vontade
Olhar metonímea de absoluto afeto
Sorteei-te um ou outro verbo
Ocultando de um beijo desejo secreto
Paradigma injusto nosso predicado
Transitiva, eu rumo só no enunciado
Em ironia histérica te desprezo
Há enciclopédias no teu falar monossilábico
Agonizo em tamanha ambiguidade
Soletro olhares aglutinados, soslaios
Compartilhamos suspeitos a supresão da vontade
10 de set. de 2014
Meu Urso
Meu urso é alvo, virado em um gigante sorridente
Olha-me de cima e com um par de mãos enormes
Enlaça-me a cintura e me cobre dos pés à cabeça
Meu corpinho pequenino pequenando sob o dele.
Por sobre os ombros para mim quase inalcançáveis
Descanso os braços enquanto equilibro-me tonta
Sobre meus pés de moça, ambos curvos, entregues
Perto dele e para ele só fica no chão do pé a ponta.
Quem o vê o pensa pardo, perigoso
Mas eu o sei: dentre todos os ursos
É de longe o mais carinhoso.
Mas eu o sei: dentre todos os ursos
É de longe o mais carinhoso.
Fofure
Caminhei lentamente até o batente da porta, meu corpo macilento me encara de volta no brilho da maçaneta e após duas baforadas eu dei um passo a frente. Em casa, enfim. Meu primeiro impulso foi jogar as roupas pela casa, rumar já despida até o chuveiro e me desfazer sob a água gelada... Pisquei. Em um piscar encontrei-me na varanda, acendendo um cigarro e cantando a minha música favorita daquela sua banda favorita. Pisei em casa mas a sola do meu pé ainda está colada na tua, de número 47. Eu sinto o azulejo gelado mas quando olho para baixo só vejo pés e cama, um relógio parado me encarando de volta. Murmurando, repeti:
- Você tá tão cheiroso! Volta aqui!
Agora só tem vento, cheiro de cigarro e chão gelado. Não da para esticar os braços e te alcançar, não da para te puxar de volta para cama, já não posso fazer um bico e te implorar com os olhos para enrolarmos mais um pouquinho. Eu já estou em casa mas ainda estou no teu quarto; ainda te sinto cheiroso e ainda quero que volte. Olho pro céu, da varanda, daqui não dá para arrumar as listras mas eu posso fingir.
9 de set. de 2014
Um rei sem coroa.
Um beijo, dois beijos, três, quatro, cinco...
Beijei-lhe o corpo todo enquanto despido
Estirava-se ao meu lado, dormindo.
Os olhos, os ombros, o queixo e as mãos
Marquei-o todo no toque da boca
Amamo-nos como amantes e hoje irmãos
Reviro-lhe os cabelos de criança, tão finos
Mergulho nas suas pupilas bem abertas
Eu o perdi durante esses meses, menino
Você mudou e eu cresci, não ouvi sua voz
Fitei seus ombros marcados, como a giz
Me vi nos seus rasgos, nas suas pupilas,
Vi-o abrindo o corpo como um dia eu fiz
Não ouvi sua voz, aquela que você fazia para eu me rir
Dormi com seu carinho, aquele cafuné na conchinha
Igual ao da noite em que eu ri da sua voz na vez primeira
Igual ao da noite em que acordei ao seu lado doída inteira
Despedi-me com um beijo forte, estalado
Abracei-o sofrendo, mais que nunca apertado
Meu amigo, amante, meu rei... o vi de costas hoje
O vi partindo, destronado.
- Eu te amo.
- Eu também te amo muito.
- Cê tá ligado que eu te amo bem mais?
- Eu tô derretendo em você, me abraça mais forte!
Beijei-lhe o corpo todo enquanto despido
Estirava-se ao meu lado, dormindo.
Os olhos, os ombros, o queixo e as mãos
Marquei-o todo no toque da boca
Amamo-nos como amantes e hoje irmãos
Reviro-lhe os cabelos de criança, tão finos
Mergulho nas suas pupilas bem abertas
Eu o perdi durante esses meses, menino
Você mudou e eu cresci, não ouvi sua voz
Fitei seus ombros marcados, como a giz
Me vi nos seus rasgos, nas suas pupilas,
Vi-o abrindo o corpo como um dia eu fiz
Não ouvi sua voz, aquela que você fazia para eu me rir
Dormi com seu carinho, aquele cafuné na conchinha
Igual ao da noite em que eu ri da sua voz na vez primeira
Igual ao da noite em que acordei ao seu lado doída inteira
Despedi-me com um beijo forte, estalado
Abracei-o sofrendo, mais que nunca apertado
Meu amigo, amante, meu rei... o vi de costas hoje
O vi partindo, destronado.
- Eu te amo.
- Eu também te amo muito.
- Cê tá ligado que eu te amo bem mais?
- Eu tô derretendo em você, me abraça mais forte!
4 de set. de 2014
Retorno
Não custava-te nada! Sequer o menor dos esforços!
Manteve-te indevassável, impenetrável, impedaçável
Por quantas vezes estendi-te os braços e os teus, insossos?!
Pois ficava assim! Pois deixava-me expelir o intragável!
Quando há pouco a chaga fechava, pérfida latejante
E os calos amiúde incomodavam menos a passada lenta
Vieste esmagando-me o peito feito mão de gigante
Sorriste e gracejaste de modo tal que minh'alma acalenta
Falta-me a fé jurada, o sono, a paz na madrugada
Falta-me recursos para curar-me do teu vil sorrir
Da sinfonia injusta que faz tua voz desafinada.
Manteve-te indevassável, impenetrável, impedaçável
Por quantas vezes estendi-te os braços e os teus, insossos?!
Pois ficava assim! Pois deixava-me expelir o intragável!
Quando há pouco a chaga fechava, pérfida latejante
E os calos amiúde incomodavam menos a passada lenta
Vieste esmagando-me o peito feito mão de gigante
Sorriste e gracejaste de modo tal que minh'alma acalenta
Falta-me a fé jurada, o sono, a paz na madrugada
Falta-me recursos para curar-me do teu vil sorrir
Da sinfonia injusta que faz tua voz desafinada.
31 de ago. de 2014
A ponte
Cruzei uma ponte na tarde de ontem
Cruzei os pés em passos largos, fáceis
E amansei-me no som dos instrumentos
E entreguei-me na sombra das árvores
Juntei minha voz à voz da mãe terra
Banhada em raio morno do pai sol
Ri assim, de mansinho, risada terna
Nem tom maior que é bem clichê
Nem mesmo menor, um tanto deprê
Rimos todos juntos, um riso bemol
Cruzei os pés em passos largos, fáceis
E amansei-me no som dos instrumentos
E entreguei-me na sombra das árvores
Juntei minha voz à voz da mãe terra
Banhada em raio morno do pai sol
Ri assim, de mansinho, risada terna
Nem tom maior que é bem clichê
Nem mesmo menor, um tanto deprê
Rimos todos juntos, um riso bemol
30 de ago. de 2014
Já de noitinha
Hoje tudo me vem versado
Vem autêntico, já compassado
Vou te dedicar mais uma vírgula
Rachar o piso do seu castelo
Abalar sua pose míngua
Você diz com todas as sílabas:
Dei-xa a fe-li-ci-da-de entrar!
Mas eu o busco toda braços e língua
Você insiste em desconversar
E eu tô aqui, no miudinho
Rezando baixinho, rangendo teu nome
Pra você me lembrar
Vem autêntico, já compassado
Vou te dedicar mais uma vírgula
Rachar o piso do seu castelo
Abalar sua pose míngua
Você diz com todas as sílabas:
Dei-xa a fe-li-ci-da-de entrar!
Mas eu o busco toda braços e língua
Você insiste em desconversar
E eu tô aqui, no miudinho
Rezando baixinho, rangendo teu nome
Pra você me lembrar
Poema para quando você voltar
Já sinto-me calma porém não mansa
Quisera eu não fosse assim
Abraçar a desventurança
Para ver-me só no fim
Quero assistir da enseada
Ficar na praia, estatelada
Olhos trincados
A boca em linha
Plateia inerte
Do desancorar da paixão minha
E quando o sol se acovardar
Quando a areia derreter
Meus pés tornarão a girar
Rumando ao cais para te receber
Quisera eu não fosse assim
Abraçar a desventurança
Para ver-me só no fim
Quero assistir da enseada
Ficar na praia, estatelada
Olhos trincados
A boca em linha
Plateia inerte
Do desancorar da paixão minha
E quando o sol se acovardar
Quando a areia derreter
Meus pés tornarão a girar
Rumando ao cais para te receber
Versos Engatilhados
Trago com força, sentindo um soco no peito
Defumada em êxtase, quero lamber o cigarro
Embebida em desânimo eu recordo teu nome
Assim que percorre minha língua o expurgo em escarro
Destilei desgosto toda uma vida
Cabe-me nos olhos a velhice de mil anos
Repara, amado, tem rancor no gosto da minha saliva
Mais um trago, agora o último
Cheiro de fluído e a alma envolta em massa sórdida
O vejo reger meu corpo de cima, no púlpito
Quisera eu não deseja-lo de tal forma mórbida.
Defumada em êxtase, quero lamber o cigarro
Embebida em desânimo eu recordo teu nome
Assim que percorre minha língua o expurgo em escarro
Destilei desgosto toda uma vida
Cabe-me nos olhos a velhice de mil anos
Repara, amado, tem rancor no gosto da minha saliva
Mais um trago, agora o último
Cheiro de fluído e a alma envolta em massa sórdida
O vejo reger meu corpo de cima, no púlpito
Quisera eu não deseja-lo de tal forma mórbida.
Na aula de geometria
Não vejo meio de aparar estas arestas
Amolecer os cotovelos
Pender minguante em festa
Divago entre os vértices do depois
Rola a esfera, o tempo, rolo eu
Só não rola nos dois.
Amolecer os cotovelos
Pender minguante em festa
Divago entre os vértices do depois
Rola a esfera, o tempo, rolo eu
Só não rola nos dois.
28 de ago. de 2014
Tarot
Puxa a carta e escolhe outra
Arranja com cuidado na mesa e vira
Vira que é pra esculhambar
Com toda essa instabilidade escrota
Misturada com esse ensaio de pulso na veia rota
Vira o veredicto que eu tô concentrada, eu acredito
Eu tô emanando desespero! tô na duvida!
Não sei se dou de corno igual carneiro
Ou se emudeço, pratico o desapego!
Tá na mesa, ta escancarada a previsão
Tá me fitando de volta, sacana aparição
Tem morte, tem rainha e tem conflito
Tem eu nos entre-naipes, carteada
Exposta, virada, junto dos maiores arcanos
Desvendando os meus dilemas desarmada.
Arranja com cuidado na mesa e vira
Vira que é pra esculhambar
Com toda essa instabilidade escrota
Misturada com esse ensaio de pulso na veia rota
Vira o veredicto que eu tô concentrada, eu acredito
Eu tô emanando desespero! tô na duvida!
Não sei se dou de corno igual carneiro
Ou se emudeço, pratico o desapego!
Tá na mesa, ta escancarada a previsão
Tá me fitando de volta, sacana aparição
Tem morte, tem rainha e tem conflito
Tem eu nos entre-naipes, carteada
Exposta, virada, junto dos maiores arcanos
Desvendando os meus dilemas desarmada.
Fugere Omni
Acordei um tico mais bonita, de pele lisa, com a cara limpa
Meu cabelo menos amassado que o de costume
Acordei fácil, um tanto mole, mais pra lá do que pra cá
Levantei ansiando meu fone de ouvidos, meu tênis e uma trilha
Quis sair sem rumo, trilhando o caminho que me vier à telha
Assim, à toa, mesmo... Sem ter data certa para regresso
Sair de mansinho, sem pressa
Levar comigo meu maço de cigarros e uma breja
Acordei um tico mais velha, de mente lisa, com a cara aberta
Meus olhos já caídos embora bem abertos
Os outros me envelheceram, já os anos me embelezaram
Levantei com dificuldade, querendo enrolar os lençóis em um nó
Desses de forca, e passar no pescoço só pra sentir o baque
Só para fugir um pouco da realidade
Acordei já vestindo os sapatos, o dia é longo e pesado
Há que se cumprir a que se veio.
Meu cabelo menos amassado que o de costume
Acordei fácil, um tanto mole, mais pra lá do que pra cá
Levantei ansiando meu fone de ouvidos, meu tênis e uma trilha
Quis sair sem rumo, trilhando o caminho que me vier à telha
Assim, à toa, mesmo... Sem ter data certa para regresso
Sair de mansinho, sem pressa
Levar comigo meu maço de cigarros e uma breja
Acordei um tico mais velha, de mente lisa, com a cara aberta
Meus olhos já caídos embora bem abertos
Os outros me envelheceram, já os anos me embelezaram
Levantei com dificuldade, querendo enrolar os lençóis em um nó
Desses de forca, e passar no pescoço só pra sentir o baque
Só para fugir um pouco da realidade
Acordei já vestindo os sapatos, o dia é longo e pesado
Há que se cumprir a que se veio.
27 de ago. de 2014
Apelo
Eu tô doída, embasbacada
Meu bem me diz por quê continuar?
Por que você se acomoda
Nesse bem bom que é meu amar?
Eu tô no chão, estatelada
De peito aberto na encruzilhada
Pedindo ajuda, "vai Maria Padilha!"
Gira e vai dizer que eu tô cansada
Eu tô balbuciando, afônica
Tô tentando gritar no teu ouvido
Com seu desentendimento atônita
Quero um sinalizador de avião
Que é pra gesticular na tua cara
Que eu tô me entregando
Que eu tô pronta
Que eu tô na tua mão
Me leva, me pega, não me maltrata, não.
Meu bem me diz por quê continuar?
Por que você se acomoda
Nesse bem bom que é meu amar?
Eu tô no chão, estatelada
De peito aberto na encruzilhada
Pedindo ajuda, "vai Maria Padilha!"
Gira e vai dizer que eu tô cansada
Eu tô balbuciando, afônica
Tô tentando gritar no teu ouvido
Com seu desentendimento atônita
Quero um sinalizador de avião
Que é pra gesticular na tua cara
Que eu tô me entregando
Que eu tô pronta
Que eu tô na tua mão
Me leva, me pega, não me maltrata, não.
Tchau, amor.
Chega amor, tô me desfazendo
Tô correndo pra longe
Procurando aconchego
Que me serve paixão assim?
Eu tô pendurando a caneta
Saindo meio muda e de miudinho
Pra ver se assim pensa em mim
Se lho digo que gosto faz graça
Se lho roubo um beijo disfarça
Chega amor, tô indo embora
Tá pinicando essa espera
Na esperança de cessar sua demora
Que me serve querer assim?
Querer de longe, sem ter pra mim?
Eu tô dizendo tchau, meu querido
Esperando que se arrependa e venha caminhar comigo.
Só as loucas, as ovelhas negras, as libertárias e libertinas!
Na Jamaica carioca, perto do Pão de Açucar, residem as insanas
As que choram aos borbotões e se derramam nas palavras
As que amam com gosto a noite inteira,
As que se desfizeram das raízes, são sozinhas, ovelhas negras
De coração vermelho pulsante, de punho erguido: avante!
Com as pernas abertas, na mão carregam uma caneca
Até a boca cheia de prazeres, de debates em comoção
Mães de filhos, de ideias, de ideais e de poemas
E seguem letrando as curvas de seus próprios corpos
Se desfazendo em rascunhos, se reerguendo em noitadas
Há de se cantar, há de se dançar na chuva, há de se embebedar
De vinho, de poesia ou de... permita-me dizer de LIBERDADE!
São fortes, as ninfas jamaicanas, do jardim universitário
Sofrem, amam, cansam, comem, fumam
Pra amanha acordar de novo, pra ler Marx de novo
Pra fazer revolução.
Dedicado à Sylvia Alves, à Dannie Machado e à sensualíssima Pretinha!
As que choram aos borbotões e se derramam nas palavras
As que amam com gosto a noite inteira,
As que se desfizeram das raízes, são sozinhas, ovelhas negras
De coração vermelho pulsante, de punho erguido: avante!
Com as pernas abertas, na mão carregam uma caneca
Até a boca cheia de prazeres, de debates em comoção
Mães de filhos, de ideias, de ideais e de poemas
E seguem letrando as curvas de seus próprios corpos
Se desfazendo em rascunhos, se reerguendo em noitadas
Há de se cantar, há de se dançar na chuva, há de se embebedar
De vinho, de poesia ou de... permita-me dizer de LIBERDADE!
São fortes, as ninfas jamaicanas, do jardim universitário
Sofrem, amam, cansam, comem, fumam
Pra amanha acordar de novo, pra ler Marx de novo
Pra fazer revolução.
Dedicado à Sylvia Alves, à Dannie Machado e à sensualíssima Pretinha!
Solidão Fluída
Meu dote reside na perspectiva
Na letra corrida
Na profundidade das minhas águas
Aparentemente calmas
Tá faltando alguém pra me mergulhar em apnéia
Tô esperando alguém pra visitar os meus recifes de corais
Porque as vezes eu canto no chuveiro
E canto bem, até
Mas qual a graça se não há pra quem cantar?
Eu já cansei de me ouvir
Eu já tô saturada de ficar aqui boiando
À deriva, esperançosa, no meu mar.
Vem me navegar... Tão sozinha me sinto.
Na letra corrida
Na profundidade das minhas águas
Aparentemente calmas
Tá faltando alguém pra me mergulhar em apnéia
Tô esperando alguém pra visitar os meus recifes de corais
Porque as vezes eu canto no chuveiro
E canto bem, até
Mas qual a graça se não há pra quem cantar?
Eu já cansei de me ouvir
Eu já tô saturada de ficar aqui boiando
À deriva, esperançosa, no meu mar.
Vem me navegar... Tão sozinha me sinto.
Tesão Etílico
Da última vez que te vi entornei o caneco
E o fizemos juntos como dois sãos cansados
Com fome de loucura e fritura de boteco
A realidade torpe nos entristece e é visível
Como o álcool pouco a pouco nos amolece
Você sorriu e a vontade do seu beijo me tomou, invencível
Balancei na cadeira como quem pende embriagado
O beberia como o último gole desse copo de cerveja
Vejo nos gestos que embora genuíno meu beijo seria negado
Reclino, bebo mais, rio contigo
Do seu sorriso
Do nosso papo
Do seu bigode
Volto pra casa, deito na cama
De saco cheio
De vontade reprimida
De porre
Desde a última vez que te vi eu só penso em entornar o caneco
Em passar mal e embrulhar o estômago de tanto beber sua saliva
De toma-lo nos braços e ceder à essa gana
Te beijar fora do sonho, te rasgar com as unhas
Te embebedar e te levar pra cama
Mostrar como é o sexo apaixonado da mulher ariana.
E o fizemos juntos como dois sãos cansados
Com fome de loucura e fritura de boteco
A realidade torpe nos entristece e é visível
Como o álcool pouco a pouco nos amolece
Você sorriu e a vontade do seu beijo me tomou, invencível
Balancei na cadeira como quem pende embriagado
O beberia como o último gole desse copo de cerveja
Vejo nos gestos que embora genuíno meu beijo seria negado
Reclino, bebo mais, rio contigo
Do seu sorriso
Do nosso papo
Do seu bigode
Volto pra casa, deito na cama
De saco cheio
De vontade reprimida
De porre
Desde a última vez que te vi eu só penso em entornar o caneco
Em passar mal e embrulhar o estômago de tanto beber sua saliva
De toma-lo nos braços e ceder à essa gana
Te beijar fora do sonho, te rasgar com as unhas
Te embebedar e te levar pra cama
Mostrar como é o sexo apaixonado da mulher ariana.
Metacriação
Não sei criar por criar, Bilac não me representa.
Não gosto de regras para organizar minhas palavras
Não sigo uma linha de pensamento
A linha não tem o som da letra
Não dá a chance de voltar atrás
Sempre reta, sempre em frente
Não gosto de linhas
Eu crio porque preciso e porque sinto
Porque me habita o incontível
Que quando pode sai no verso ou no grito
Escrevo porque a cabeça ferve e os dedos tremem
Eu tremo o tempo todo desde sempre sem motivo
Mas eu sei por quê eu escrevo
Escrevo para montar o jarro quebrado com remendos de sílabas
Às quais vez ou outra concedo vida própria
Elas dançam e conforme se arranjam dizem o indizível
Mudam o imutável, quebram o indestrutível
É por isso que escrevo
Porque no verso
Eu desafio a física
Eu desafio a Academia
Eu desafio a mim
Eu desafio a escrita
Eu escrevo para não esquecer do que faço ao escrever.
21 de ago. de 2014
Par de fogo
Apertei o play acendendo um cigarro, um dos muitos que desejei ter acendido ao seu lado. Na nossa noite faltou-me o maço e também o ar. Quis tragar na atmosfera do teu quarto qualquer coisa que sustentasse meu corpo ariano, e que me mantivesse ali, debaixo do teu sorriso leonino. Por momentos não respirei, por outros até demais... Contida em um par de mãos ávidas de fogo, contracenando um beijo puro de mesmo elemento.
A música ainda estava tocando quando inconscientemente pintei a cena atrás dos olhos:
- PÁRA, PÁRA!!!!!!
...Que eu tô sensível! Que eu preciso fumar! Que eu preciso de ar! Que eu esqueci como se faz para respirar! Que está tocando Snowmine e nem paramos para escutar!
A música ainda estava tocando quando inconscientemente pintei a cena atrás dos olhos:
- PÁRA, PÁRA!!!!!!
...Que eu tô sensível! Que eu preciso fumar! Que eu preciso de ar! Que eu esqueci como se faz para respirar! Que está tocando Snowmine e nem paramos para escutar!
17 de ago. de 2014
No fim vesti você
Abri as portas do guarda-roupa improvisado
Nele há de tudo um pouco e quase tudo pretoPenso que agora já é pouco até o ter ao lado
Faço as contas em um silêncio inquieto
Afasto cabides e ensaio diálogos
Hoje eu o quis dormindo por perto
Há no fundo da gaveta aquela sua camiseta branca
Que acidentalmente eu manchei mês passado
Mas ela continua comigo e lhe vou ser franca
Vesti às pressas seu presente e o tecido me caiu pesado
Senti a impaciência tomando conta e o peito apertado
Quero logo vestir mais que suas roupas
O quero amassando meu cabelo em um colchão improvisado
Me acordando com um bom dia e um sorriso de lado
Percebi que a noite seria longa porque
Entre tantas outras opções
Hoje eu vesti você.
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16 de ago. de 2014
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Nada acontece por acaso. Nenhuma pessoa entra em nossa vida à toa e nenhuma decisão que tomamos é inteiramente por conta própria. Há influência, há motivos e um propósito maior. Seria negligência e egoísmo da minha parte negar tudo isso. Hoje, mais do que em qualquer outro dia da minha vida, minha consciência elevou-se e meu agradecimento a oportunidade que me foi dada de recomeçar não só uma, mas duas vezes nessa vida, multiplicou-se e tomou conta de toda minha existência, presente e futura.
Depois de anos acompanhada de um mal-estar, depois de inúmeras tentativas previamente fadadas ao erro - somente eu não percebia isso e negava qualquer ajuda que me oferecessem-, eu precisei passar por um renascimento. Precisei sofrer tanto, mas tanto! A ponto de arriscar perder minha vida e mais: fazer sofrer quem me presenteou com ela juntamente a todos que por mim zelaram quando estive cega a ponto de feri-los, cada vez pior e constantemente. Depois de todo o sofrimento e angústia que causei, não só a mim mas aos outros, eu tive minha redenção... Primeiro comigo mesma e agora, devagar, com aqueles que a mim amaram e eu amei também.
Minha tentativa de suicídio não está nem perto de ser o começo da minha sequência de erros e ataques - mesmo que inconscientes - à todos a minha volta, tudo se construiu com o passar dos anos, através de mentiras, de ostracismo, de rancor e uma necessidade imensurável de sentir-me amada. Parece irônico, ferir aos outros para receber amor... e é. Não só irônico, como tosco, sórdido. Foi esse o caminho que trilhei embora não me lembre quando exatamente eu tenha dado o primeiro passo... e mesmo quando nele caminhava não percebia o motivo, nem sequer o questionava, salvo rápidos momentos de lucidez. Neguei insistentemente todo o amor que me foi dado, todo o zelo da minha mãe e irmã, principalmente. Neguei o quanto meu companheiro a mim amava e estimava, o quanto se esforçou e se doou por mim. Hoje vejo o quanto eu, egoísta, tomei dos outros que se dispunham a estar ao meu lado. Sei que todo esse comportamento destrutivo vem já se edificando há anos, mas volto a pontuar meu atentado pois foi o ápice da minha maldade e sordidez. Fui vil, perniciosa e sobretudo ingrata. Mereci cada pontada de dor, cada lágrima que eu mesma inconsciente me causei... Como é a lei da vida eu não poderia ter saído ilesa: perdi a confiança daqueles próximos a mim; a capacidade de aceitar e aproveitar momentos felizes; perdi quem amava e amo; perdi incontáveis momentos amorosos com minha família e comigo mesma. Não sou mártir, mas sou a prova de que a vida é justa e não imutável.
Tanto afligi aos outros e a mim mesma, tanto penei e no meio deste penar eu decidi mais uma vez recomeçar: vim para minha cidade natal onde me aguardava o minúsculo, porém preciosíssimo pedaço de papel que me faria olhar para trás com outros olhos, tomar um soco na cara da realidade. A descoberta desse papel foi a imersão da verdadeira Ana Vitória, subindo-me pelas entranhas até golpear-me os olhos com lágrimas e gritar dentro de mim, retomando as rédeas do corpo que a pertencia. Foi em Curitiba que encontrei uma carta, endereçada ao meu falecido avô, quem amei e amo de maneira indescritível e que não cabe ao momento e nem a esse texto, expressar. Foi esta carta que me trouxe à tona todos os meus erros, que fez-me questionar onde estava a menina que a escreveu e porque não cumpri com tudo o que ali estava escrito, uma vez que eu sei de todo o coração que nem mesmo uma vírgula foi desprovida de verdade. Toda e cada letra foram escritos com o amor mais puro que existe... Então onde estive? Eu, quem as escreveu, esses anos todos? Fui justamente o oposto: nociva, melancólica e amarga. Tomei a liberdade de ferir, quase que de morte, todos que por mim zelaram desde o meu primeiro choro, no meu nascimento... Obriguei minha irmã, a ver-me ensanguentada, rasgada, torpe. Não lhe dei a oportunidade de escolher presenciar algo tão horrível como o sangue de alguém que se ama... O fiz com quem me acompanhava, e o fiz tão cega, tomada de tanto egoísmo que não deixei nem mesmo que me ajudassem... Mais uma vez, lá estava eu, negando todo o amor que me era oferecido. Mais uma vez, causando dor em todos que, irredutíveis, mantinham-se ao meu lado. Hoje revivo não só a noite em que me tornei a maior vilã da minha estória, mas todo o percurso até ela, com os olhos e a cabeça doendo... Mas com a sensação de redenção, de perdão e sobretudo do amor que sempre busquei... Esteve aqui o tempo todo, soterrado junto com a menina que dedicou-se a escrever ao avô doente. Amei sim, pura e intensamente a TODOS... Fui amada sim, fui MUITO amada... Neguei e testei incansavelmente até que a justiça veio a mim e me fez sentir o peso das minhas ações. Reconheço toda a dor e o sofrimento que causei a todos e confesso que HOJE, dia 16 de agosto de 2014, eu sofro muito mais ao sentir tudo isso sendo puxado garganta a fora, ao vomitar minhas próprias verdades e conseguir tirar de dentro de mim todo o amor que neguei a mim e sobretudo à minha família.
Depois de anos, eu disse espontanea e verdadeiramente, que a amo, mãe. Repetiria o quanto te fosse preciso, para apagar toda a decepção, a dor e as mentiras. Disse e repetiria o quanto te fosse preciso, que te amo, Maria Luiza... Que sinto muito a nossa distância, que eu gostaria de entrar na sua cabeça e arrancar o cenário que te obriguei a registrar.
Salvo um pequeno pedaço desse texto para mais uma vez, e mais verdadeiramente do que qualquer outra, pedir perdão a você, João Pedro, que foi constantemente magoado, esgotado e ferido por mim... Hoje mais que nunca eu percebo a dimensão do seu amor e dedicação a mim, e percebo que nunca terei nem mesmo uma vaga ideia, do quanto você suportou até que bastasse. Sou imensamente grata e doída por dentro... você tem razão quando diz o quanto é um ser humano maravilhoso. De todos nessa trama, você era o único que poderia se desamarrar e seguir sem grandes consequências, você não tinha obrigação de ficar e ficou, dormiu comigo naquele leito de hospital e eu não consigo nem imaginar o que passou pela sua cabeça enquanto dormíamos. Mas ficou. Nada vai mudar o quanto eu aprecio a sua força, a sua insistência e heroísmo. Você partiu com razão mas, até do último segundo em que ficou, eu sinto a mais pura admiração e respeito, pela pessoa que você é e pelo que fez por mim.
Hoje eu fiz as pazes comigo mesma... Pela primeira vez de verdade. Hoje eu me permiti amar e ser amada, eu vejo que sim, meu passado é sujo e feio, mas o meu futuro pode ser mudado e que mesmo que demore, eu e eu sozinha, sofrerei as reais consequências dos meus atos. Agradeço com toda a honestidade deste mundo, que meu ataque a mim mesma não tenha sido letal, que eu ainda esteja viva, respirando... Tendo a oportunidade de aprender, de viver e assumir todo o amor que existe e existiu na minha vida...
15 de ago. de 2014
Para os meus reis
Tenho a mania insolente de me nomear rainha quando estou confortável. É quase como se em um lugar específico e em um momento único eu me sinta bem o suficiente para me despir de tudo o que me foi colocado no dia do meu nascimento e me adjetivar como bem entenda. Gosto de ser rainha e gosto ainda mais de quem compactua comigo nesse faz-de-conta.
Tanto brinquei de rainha que os súditos por mim antes nomeados hoje o fazem por si só, é como se soubessem que vestindo-me de rainha o meu mundo fica melhor e, voluntários, lembram-me de como é bom ter um lugar para ser feliz e o que se quiser ser. É nesses momentos em que minha alma ulula declarações de amor veladas a estes amigos que me recebem sempre sorrindo e lembrando-me que sou amada e querida.
Nomeei dois reis. Não! Não por ser ariana e gostar do poder e da dominação e ser naturalmente insaciável, não... Esse é outro ponto que influencia muito menos nesse aspecto. A questão é que meus dois reis diferem-se no trato - e no tato:
O primeiro, presente já há quase uma década na minha vida, é quem constantemente prostra-se imponente ao meu lado, capaz de defender-me de um exército de pessoas sozinho, se eu lho pedisse. É meu escudeiro: Travou inúmeras batalhas contra diversos inimigos, alguns reais, outros da minha cabeça. Foi este meu rei que, sentado à direita do meu trono, ergueu-me incontáveis vezes e fez por merecer seu posto vitalício, dividindo o reino comigo e aconselhando-me sempre que preciso.
O segundo, apossou-se recentemente de um pedaço de terra próximo ao palácio real e vagarosamente, aproximou-se de mim se fazendo Pierrot. Ri por horas seguidas na companhia desse meu rei que desinibido chegou como se fosse visita conhecida, fazendo ecoar no palácio risos estridentes de todos meus súditos e meus também. Chegou manso e notável, calmo e contagiante. Antítese pura, esse rei! Ganhou meu carinho como poucos fizeram e após várias reuniões no salão real, decidi que o queria, agora no lado esquerdo, do meu trono... Esse também me protege, mas é do frio, pela manhã e do medo, durante a noite. Ele é o rei que me põe no colo, beija meus ombros, me faz carinho até que eu adormeça e ri... ri de tudo ao meu lado. É meu Rei Terno, meu Rei Carinho.
Todos os dois essenciais para a manutenção da minha existência como rainha nessa fantasia mas, acima de tudo, imprescindíveis para a felicidade dessa que, desprovida de coroa, lhes escreve.
Kaique, meu rei número um e Savi, meu rei de número dois... Para vocês todo o amor do mundo, dessa rainha mimada e chorosa que está contando os dias para matar as saudades!
PS.: Eu canto no chuveiro e sempre lembro de você.
Tanto brinquei de rainha que os súditos por mim antes nomeados hoje o fazem por si só, é como se soubessem que vestindo-me de rainha o meu mundo fica melhor e, voluntários, lembram-me de como é bom ter um lugar para ser feliz e o que se quiser ser. É nesses momentos em que minha alma ulula declarações de amor veladas a estes amigos que me recebem sempre sorrindo e lembrando-me que sou amada e querida.
Nomeei dois reis. Não! Não por ser ariana e gostar do poder e da dominação e ser naturalmente insaciável, não... Esse é outro ponto que influencia muito menos nesse aspecto. A questão é que meus dois reis diferem-se no trato - e no tato:
O primeiro, presente já há quase uma década na minha vida, é quem constantemente prostra-se imponente ao meu lado, capaz de defender-me de um exército de pessoas sozinho, se eu lho pedisse. É meu escudeiro: Travou inúmeras batalhas contra diversos inimigos, alguns reais, outros da minha cabeça. Foi este meu rei que, sentado à direita do meu trono, ergueu-me incontáveis vezes e fez por merecer seu posto vitalício, dividindo o reino comigo e aconselhando-me sempre que preciso.
O segundo, apossou-se recentemente de um pedaço de terra próximo ao palácio real e vagarosamente, aproximou-se de mim se fazendo Pierrot. Ri por horas seguidas na companhia desse meu rei que desinibido chegou como se fosse visita conhecida, fazendo ecoar no palácio risos estridentes de todos meus súditos e meus também. Chegou manso e notável, calmo e contagiante. Antítese pura, esse rei! Ganhou meu carinho como poucos fizeram e após várias reuniões no salão real, decidi que o queria, agora no lado esquerdo, do meu trono... Esse também me protege, mas é do frio, pela manhã e do medo, durante a noite. Ele é o rei que me põe no colo, beija meus ombros, me faz carinho até que eu adormeça e ri... ri de tudo ao meu lado. É meu Rei Terno, meu Rei Carinho.
Todos os dois essenciais para a manutenção da minha existência como rainha nessa fantasia mas, acima de tudo, imprescindíveis para a felicidade dessa que, desprovida de coroa, lhes escreve.
Kaique, meu rei número um e Savi, meu rei de número dois... Para vocês todo o amor do mundo, dessa rainha mimada e chorosa que está contando os dias para matar as saudades!
PS.: Eu canto no chuveiro e sempre lembro de você.
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12 de ago. de 2014
Poema de Sete Anátemas
Quando eu nasci, um boçal com voz de radialista
Desses efusivos que tudo tornam mais intenso
Disse: Vai, Ana! Ser zicada na vida.
E as casas nunca me foram aconchegantes;
E eu espiei homens - que eu quis - irem atrás de outras mulheres - que não eu;
E nunca gostei de dias azuis tampouco realizei metade dos meus desejos.
Vai, Ana! Rir da desgraça que te acompanha.
E o coletivo cheio de pernas, braços e cheiro de desodorante;
E o motorista correndo e o cobrador no telefone e eu?
E eu lá, né? Perguntando para que tanto perrengue, meu Deus
Porém meus olhos não perdiam nada - cheio de gente feliz à minha volta
Ouço no fundo o radialista: Vai, Ana! Dar o pão e receber migalhas.
O homem - o boçal narrando minha vida - é irreverente e insensível
Quase não deixa escapar um escorregão meu que já aponta lá de cima:
Vai, Ana! Vai ter raros, pouquíssimos amigos.
Sempre ouço ao fundo o riso jocoso do radialista.
Meu Deus, por que diabos ele não me abandona?
Se sabe que no dia dos meus anos já fui fadada ao erro
Se sabe que cada passo meu é uma piada para a plateia que me rodeia
Vai, Ana! Vai cagada mas vai!
Mundo mundo vasto mundo
Se agarrasse o radialista pelo rabo e o puxasse pra baixo
Seria mais um pedaço do espetáculo e não uma solução
Porque eu sei bem o que ele diria:
Vai, Ana! Diverte-nos mais!
Eu não devia te dizer
Mas essa zica
Mas esse narrador que acompanha minha vida
Botam o tal do anjo torto do Drummond no chinelo.
Desses efusivos que tudo tornam mais intenso
Disse: Vai, Ana! Ser zicada na vida.
E as casas nunca me foram aconchegantes;
E eu espiei homens - que eu quis - irem atrás de outras mulheres - que não eu;
E nunca gostei de dias azuis tampouco realizei metade dos meus desejos.
Vai, Ana! Rir da desgraça que te acompanha.
E o coletivo cheio de pernas, braços e cheiro de desodorante;
E o motorista correndo e o cobrador no telefone e eu?
E eu lá, né? Perguntando para que tanto perrengue, meu Deus
Porém meus olhos não perdiam nada - cheio de gente feliz à minha volta
Ouço no fundo o radialista: Vai, Ana! Dar o pão e receber migalhas.
O homem - o boçal narrando minha vida - é irreverente e insensível
Quase não deixa escapar um escorregão meu que já aponta lá de cima:
Vai, Ana! Vai ter raros, pouquíssimos amigos.
Sempre ouço ao fundo o riso jocoso do radialista.
Meu Deus, por que diabos ele não me abandona?
Se sabe que no dia dos meus anos já fui fadada ao erro
Se sabe que cada passo meu é uma piada para a plateia que me rodeia
Vai, Ana! Vai cagada mas vai!
Mundo mundo vasto mundo
Se agarrasse o radialista pelo rabo e o puxasse pra baixo
Seria mais um pedaço do espetáculo e não uma solução
Porque eu sei bem o que ele diria:
Vai, Ana! Diverte-nos mais!
Eu não devia te dizer
Mas essa zica
Mas esse narrador que acompanha minha vida
Botam o tal do anjo torto do Drummond no chinelo.
11 de ago. de 2014
Convexa: Virtual, direita, cada vez menor.
No meu tripé há letras e canções
Há vírgulas, ditongos e rabiscos
Minha imagem se faz em parágrafos
As suas em frames
Eu demonstro letra fluída
Você lê tudo imagem estática
Eu te coloco no centro do quadro e transcrevo
Você enquadra o mundo e eterniza
Abaixa um pouco a câmera, porra
Corre os olhos nesses versos
Muda a perspectiva
Vem te ver como o vejo! Por que 'cê tá cada vez menor?!
Por que cê tá cada vez mais longe quando eu olho pelo lado de cá da lente?!
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Eles
Ela era zippo e ele fósforo
Ela era carvão e ele marca-texto
Ela era lisérgica e ele era monocromático
Ele era planos e ela desejo
Ele era marola e ela arrebentação
Ele era sabedoria e ela era gracejo
Ela era bunda e ele peito
Ela era pimenta e ele sal
Ela era empirismo e ele era tese
Ele era terra e ela fogo
Ele era mercúrio e ela éter
Ele era monarquia e ela era anarquia
Você era ele e ela eu
Eu era nós e você adeus.
Ela era carvão e ele marca-texto
Ela era lisérgica e ele era monocromático
Ele era planos e ela desejo
Ele era marola e ela arrebentação
Ele era sabedoria e ela era gracejo
Ela era bunda e ele peito
Ela era pimenta e ele sal
Ela era empirismo e ele era tese
Ele era terra e ela fogo
Ele era mercúrio e ela éter
Ele era monarquia e ela era anarquia
Você era ele e ela eu
Eu era nós e você adeus.
Romance Ideal
Eu queria um amor desses em que a palavra amor não precisa ser dita; onde não existam pronomes possessivos e que me chame pelo nome frequentemente. Eu queria um amor com quem debater as minhas dúvidas mais bobas, dançar Stones na varanda e para quem mostrar as imitações que eu treino sozinha mas não exibo para ninguém.
Eu queria um amor desses que hoje quase não vejo, em que há admiração e respeito; onde há discussões e pés que tímidos se reconciliam embaixo dos cobertores; Um amor em que eu possa pedir para ficar sozinha e pedir companhia; que eu possa explorar e extrair até a última gota de aprendizado que nele possevelmente reside... Eu queria um amor sublime, sereno e reconfortante mas, sobretudo, eu queria um amor constante por mim mesma.
Eu queria um amor desses que hoje quase não vejo, em que há admiração e respeito; onde há discussões e pés que tímidos se reconciliam embaixo dos cobertores; Um amor em que eu possa pedir para ficar sozinha e pedir companhia; que eu possa explorar e extrair até a última gota de aprendizado que nele possevelmente reside... Eu queria um amor sublime, sereno e reconfortante mas, sobretudo, eu queria um amor constante por mim mesma.
Inutlia Truncat
Acredito no poder das segundas-feiras: são dias que representam um recomeço, tal qual a virada de ano. Uma nova semana se inicia e, com um pouco de esforço, vê-se intrincado a ela a possibilidade de um restart.
Na segunda feira que marca o dia de hoje, levantei e ao colocar-me de pé percebi-me assim: com o rosto, pés e mãos inchados; com picadas de mosquito cobrindo meu corpo todo; dois irritantes quilogramas a mais na balança e um raciocínio mais lento que o de costume. Resultados de dois dias que reservei para esquecer que no mundo há cobranças, que a sobriedade é uma mal necessário, que comida engorda e que eu preciso ingressar em uma universidade. Olhei-me firme, com ar autoritário e caricato, impus:
- Hoje vai mudar! Hoje começa minha dieta detox!
Fui juntando um resquício ou outro pelo dia. Conforme os minutos passavam um ou outro detalhe saltava a vista e eu selecionava com cuidado e a frieza necessária. Tantos momentos, palavras e gestos passaram-me pela cabeça que julguei impossível a tarefa de reorganizar essa mente sórdida em um só dia! Foi-me claro que talvez fossem necessárias duas ou mais segundas-feiras - bem longas! - para que eu conseguisse separar o trigo do joio e enxergar com nitidez todo o lodo que engloba minha rotina e meus hábitos. Por vezes eu quis desistir e ceder mas preciso fazer jus à tatuagem que carimbei nas costas: disciplina! ou então no peito: perseverança!
Insistente, vasculhei cada uma das prateleiras e baús no porão da alma, refiz alguns remendos, lustrei alguns móveis já antigos e outros empilhei em algum canto por lá... Revivi situações, senti na ponta da língua gostos e peles e relevos, fechei os olhos para sentir melhor e por alguns minutos senti-me assim: Sommelier de Lembranças. Poderia fazê-lo para sempre mas foi então que fitei de soslaio a pilha nefasta no canto do cômodo...
Por fim, com a suavidade de um Viking, arremessei todos os detritos pela janela! Defenestrei o mal que me assombra! Desfiz-me de tudo o que é torpe, tudo que dói, desintoxiquei enfim!! Comecei a dieta e sinto que comecei bem... Olha só: hoje nem mesmo mensagem de bom dia eu lhe enviei!!
Insistente, vasculhei cada uma das prateleiras e baús no porão da alma, refiz alguns remendos, lustrei alguns móveis já antigos e outros empilhei em algum canto por lá... Revivi situações, senti na ponta da língua gostos e peles e relevos, fechei os olhos para sentir melhor e por alguns minutos senti-me assim: Sommelier de Lembranças. Poderia fazê-lo para sempre mas foi então que fitei de soslaio a pilha nefasta no canto do cômodo...
Por fim, com a suavidade de um Viking, arremessei todos os detritos pela janela! Defenestrei o mal que me assombra! Desfiz-me de tudo o que é torpe, tudo que dói, desintoxiquei enfim!! Comecei a dieta e sinto que comecei bem... Olha só: hoje nem mesmo mensagem de bom dia eu lhe enviei!!
7 de ago. de 2014
Eu não peço licença: chego arrombando a porta
Meu bem eu sou ariana! Regida pelo primeiro signo do zodíaco, a que inicia, a que rege, dá vida e sentido. Já vim predestinada a abrir caminhos, a rasgar a linha entre os planos e o exercício. Tomo a dianteira, sou cabeceira de tropa, contaminada pelo impulso do primeiro passo - sempre impulsiva!
Sou toda chama, toda emoção. Signo de fogo em alma colérica dá nisso que lhe escreve! Sou vontade, desejo, desespero! Me joguei e me envolvi, vesti anseio e grito entre dentes que o quero! Quero agora, quero aqui! Dentro da minha roupa e embaixo da minha pele!
Meu bem eu sou ariana! Eu não sei não ter o que quero!
https://www.youtube.com/watch?v=iIqqcjMzavM
Sou toda chama, toda emoção. Signo de fogo em alma colérica dá nisso que lhe escreve! Sou vontade, desejo, desespero! Me joguei e me envolvi, vesti anseio e grito entre dentes que o quero! Quero agora, quero aqui! Dentro da minha roupa e embaixo da minha pele!
Meu bem eu sou ariana! Eu não sei não ter o que quero!
https://www.youtube.com/watch?v=iIqqcjMzavM
6 de ago. de 2014
Curriculum
Me dá uma caneta, que é pr'esse peso da alma, com palavras e versos, eu poder arrancar. Me dá tua mão, me dá seus pensamentos, dá cada uma de suas palavras, que é pra nelas eu me aconchegar. Pensando bem, me dá só um pouco, desse sossego que carregas por dentro, dexa teu sorriso me acompanhar.
-
É um explícito convite a esse moço que, receio,
É capaz de fazer-me mostrar um a um meus limites.
Eu que sou timoneira me inclino a ancorar-me nele
E confesso: em momentos vacilo.
-
Com ele tudo era música
Cabelo desarrumado
A boca feita em um bico
Cedi um sopro de desejo sustenido
Compus com ele um beijo
Tamanha nossa harmonia
O mundo girou sinfonia
Tudo era música.
-
Agarrei cada pedaço de sensação que vi pela frente e como se em uma fagocitose emocional, os roubei para mim. A vida sempre me foi assim: tudo intenso, tudo imenso! Ou tudo ou nada, se te amo te dou meu mundo e se lhe odeio lhe tenho asco… Quando feliz uma tocha flamejante e quando triste um dilúvio, viro então a rainha da menisquência, monocromática.
-
Eu te quero sem roupa e sem pudor, no meio da minha casa. No centro de todas as minhas paredes e pensamentos. Eu te quero sem limites, sem anseios nem boas maneiras, te quero cru.
Eu sei que o que eu procuro está aí dentro, e não importa os empecilhos, eu vou continuar cavando até encontrar e sentir o que eu quero sentir...
-
Faço amor bem feito, faço até mais tarde. Faço de todo e qualquer jeito, com todo tipo de corpo, com todo tipo de sexo. Faço e gosto, aproveito. Exploro todo e cada canto, do corpo e da alma… cada sensação um novo tesouro que faço questão de guardar.
-
Meu apreço agora é sereno, não mais ardente nem tão ávido. Meu amor tornou-se tranquilo. Mais do que nunca sinto que pertenço de fato à algum lugar e, esse lugar, nada mais é do que minha própria vida tendo meu amor como meu cúmplice e metade de tudo que eu me torno. Meu amor também já não é mais egoísta, não te quero para mim, eu só nos quero bem.
-
Rasguei um sorriso no rosto hoje cedo para você
Foi preciso rasgar a boca mesmo porque eu dormi puta
Virei de costas e caí em um sono forçado
Mas de que adianta se eu acordo, seu chato,
E te vejo do lado!? Me vem essa gana escrota
De te acordar e te xingar por não ter me acordado
...Por não ter me aporrinhado.
Daí é que eu nem mais me importo com a treta ou teu sono
Te abraço! Aquele abraço torto, digno de formigar meu braço
Filho da puta, te amo tanto e nem sei dizer
Mas parece que de manhã todo o nhenhenhém me invade
Não me seguro e eu sorrio, te abraço e te cheiro
Espero de verdade que nem dê pra perceber
Mas rasguei um sorriso hoje cedo para você.
-
Lembra quando doía separar tuas mãos das minhas?
Nossas mãos se separaram por tanto tempo
Até que então a dor virou o consolo
E no chão do quarto onde me espalhei eu vejoCom os olhos borrados por entre lágrimasEspalhadas cada uma das palavras
Que hesitei dizer quando me olhando nos olhos
Da tua partida eminente falava.
-
Só queria chacoalhar-te dos pés a cabeça perguntando por que, e que essas duas palavras ecoassem incessantes no teu ser até que pudesses abrir a boca e baforar nem que fosse um só motivo plausível, que me fizesse crer que o que me dizes nessa hora é verdade e tudo o que me foi dito antes de nada vale.
-
Eu vou escrever uma história daquelas bem bonitas, vou dobrar o papel e guardar em uma caixa lacrada, a qual só você e eu conseguiremos abrir. Você vai ler e dizer que já sabe de tudo isso, então eu vou pegar o papel e queimá-lo na sua frente, pra te ver sangrar, pra você sentir como é bom quando lhe arrancam um pedaço da sua história.
-
Mas o que dói realmente, não é o fato de que acabou, não. Um dia tudo acaba, e eu vivo bem com isso... O que machuca é lembrar da sensação, daquele fogo todo, e olhar pra baixo e ver as cinzas. A dor vem do riso, dos carinhos, da cumplicidade... Não dos momentos ruins, desses a gente sente raiva, ódio. A tristeza bate quando se lembra dos momentos bons. E a paixão nada mais é que isso, um mar de alegria e libido, que aos poucos seca
-
Me deixa sozinha, na minha, nem uma palavra a mais. Me basta meus medos, minhas alegrias, minhas lembranças. Eu jurei nunca me odiar, odiando cada palavra da minha promessa. Agora segue teu caminho, e me deixa no meu canto a pensar, pinta teu mundo das cores que quiseres, eu sigo sozinha em uma batida descompassada, que é pra o mundo dos outros admirar.
-
Abri meu castelo mórbido para tua presença morna e agora que já me deixaste a flama e partiu, tudo agora queima e meu castelo se desfaz em cinzas. Eu queimo e pereço junto dele e das memórias e, ironicamente, sou eu queimando um fósforo após o outro, querendo destruir todo e qualquer rastro do que já fomos nós.
-
Abri, mais uma vez, a pele pra chorar... Chorar pelos olhos não basta, não expressa e não expurga o que me assoma... É um ato mórbido na tentativa de me acalmar, externar a intensidade da minha dor, de colocar de forma visível para o mundo e em especial para mim que ando cega, a dimensão do quanto sofro. Sangro não só sangue, mas sangro lágrimas, gritos, desespero, agonia.
-
Pincelo um pouquinho de cor nesse meu mundo. Inebrio quinas e praças do meu além-corpo, me ausento da consciência pra que o farda não se faça presente em pesar.
-
É um explícito convite a esse moço que, receio,
É capaz de fazer-me mostrar um a um meus limites.
Eu que sou timoneira me inclino a ancorar-me nele
E confesso: em momentos vacilo.
-
Com ele tudo era música
Cabelo desarrumado
A boca feita em um bico
Cedi um sopro de desejo sustenido
Compus com ele um beijo
Tamanha nossa harmonia
O mundo girou sinfonia
Tudo era música.
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Agarrei cada pedaço de sensação que vi pela frente e como se em uma fagocitose emocional, os roubei para mim. A vida sempre me foi assim: tudo intenso, tudo imenso! Ou tudo ou nada, se te amo te dou meu mundo e se lhe odeio lhe tenho asco… Quando feliz uma tocha flamejante e quando triste um dilúvio, viro então a rainha da menisquência, monocromática.
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Eu te quero sem roupa e sem pudor, no meio da minha casa. No centro de todas as minhas paredes e pensamentos. Eu te quero sem limites, sem anseios nem boas maneiras, te quero cru.
Eu sei que o que eu procuro está aí dentro, e não importa os empecilhos, eu vou continuar cavando até encontrar e sentir o que eu quero sentir...
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Faço amor bem feito, faço até mais tarde. Faço de todo e qualquer jeito, com todo tipo de corpo, com todo tipo de sexo. Faço e gosto, aproveito. Exploro todo e cada canto, do corpo e da alma… cada sensação um novo tesouro que faço questão de guardar.
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Meu apreço agora é sereno, não mais ardente nem tão ávido. Meu amor tornou-se tranquilo. Mais do que nunca sinto que pertenço de fato à algum lugar e, esse lugar, nada mais é do que minha própria vida tendo meu amor como meu cúmplice e metade de tudo que eu me torno. Meu amor também já não é mais egoísta, não te quero para mim, eu só nos quero bem.
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Rasguei um sorriso no rosto hoje cedo para você
Foi preciso rasgar a boca mesmo porque eu dormi puta
Virei de costas e caí em um sono forçado
Mas de que adianta se eu acordo, seu chato,
E te vejo do lado!? Me vem essa gana escrota
De te acordar e te xingar por não ter me acordado
...Por não ter me aporrinhado.
Daí é que eu nem mais me importo com a treta ou teu sono
Te abraço! Aquele abraço torto, digno de formigar meu braço
Filho da puta, te amo tanto e nem sei dizer
Mas parece que de manhã todo o nhenhenhém me invade
Não me seguro e eu sorrio, te abraço e te cheiro
Espero de verdade que nem dê pra perceber
Mas rasguei um sorriso hoje cedo para você.
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Não posso te prometer que essa será a última barra pela qual teremos que passar, mas posso prometer dar o melhor de mim a cada segundo, posso prometer prender a minha respiração e te apertar com toda a minha força para que a gente esqueça dos problemas por alguns segundos.
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Em um piscar de olhos o momento sumiu, fugiu de mim. Tudo o que pude fazer foi descruzar os braços, jogar as costas contra a parede e observar: Todo o meu viver me abandonando, serelepe e distraído... Sem nem perceber que fiquei pra trás..-
-
Faz parte, não?! Todo esse tango social em volta do que somos e não somos, o que mostramos ou não mostramos. Minhas sensações continentais são puro continente da minha essência, bombas atômicas que ao fragmentarem-se reconstroem-se em cima do todo que vacila sempre na hora de separar-se em partes.Faz parte essa confusão em cima do que penso, de tudo que sou.
-Lembra quando doía separar tuas mãos das minhas?
Nossas mãos se separaram por tanto tempo
Até que então a dor virou o consolo
E no chão do quarto onde me espalhei eu vejoCom os olhos borrados por entre lágrimasEspalhadas cada uma das palavras
Que hesitei dizer quando me olhando nos olhos
Da tua partida eminente falava.
-
Só queria chacoalhar-te dos pés a cabeça perguntando por que, e que essas duas palavras ecoassem incessantes no teu ser até que pudesses abrir a boca e baforar nem que fosse um só motivo plausível, que me fizesse crer que o que me dizes nessa hora é verdade e tudo o que me foi dito antes de nada vale.
-
Eu vou escrever uma história daquelas bem bonitas, vou dobrar o papel e guardar em uma caixa lacrada, a qual só você e eu conseguiremos abrir. Você vai ler e dizer que já sabe de tudo isso, então eu vou pegar o papel e queimá-lo na sua frente, pra te ver sangrar, pra você sentir como é bom quando lhe arrancam um pedaço da sua história.
-
Mas o que dói realmente, não é o fato de que acabou, não. Um dia tudo acaba, e eu vivo bem com isso... O que machuca é lembrar da sensação, daquele fogo todo, e olhar pra baixo e ver as cinzas. A dor vem do riso, dos carinhos, da cumplicidade... Não dos momentos ruins, desses a gente sente raiva, ódio. A tristeza bate quando se lembra dos momentos bons. E a paixão nada mais é que isso, um mar de alegria e libido, que aos poucos seca
-
Me deixa sozinha, na minha, nem uma palavra a mais. Me basta meus medos, minhas alegrias, minhas lembranças. Eu jurei nunca me odiar, odiando cada palavra da minha promessa. Agora segue teu caminho, e me deixa no meu canto a pensar, pinta teu mundo das cores que quiseres, eu sigo sozinha em uma batida descompassada, que é pra o mundo dos outros admirar.
-
Abri meu castelo mórbido para tua presença morna e agora que já me deixaste a flama e partiu, tudo agora queima e meu castelo se desfaz em cinzas. Eu queimo e pereço junto dele e das memórias e, ironicamente, sou eu queimando um fósforo após o outro, querendo destruir todo e qualquer rastro do que já fomos nós.
-
Abri, mais uma vez, a pele pra chorar... Chorar pelos olhos não basta, não expressa e não expurga o que me assoma... É um ato mórbido na tentativa de me acalmar, externar a intensidade da minha dor, de colocar de forma visível para o mundo e em especial para mim que ando cega, a dimensão do quanto sofro. Sangro não só sangue, mas sangro lágrimas, gritos, desespero, agonia.
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Pincelo um pouquinho de cor nesse meu mundo. Inebrio quinas e praças do meu além-corpo, me ausento da consciência pra que o farda não se faça presente em pesar.
-
Em suma, como um palhaço, eu sigo jubilosa mas entornando o pranto aos borbotões.
Em suma, como um palhaço, eu sigo jubilosa mas entornando o pranto aos borbotões.
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De todos na praça
Mudo, mudei, mudarei...
A mudança que nem todos vêem
Mudança que só eu sei.
Mudo,reviro, desfaço
Gritando, calada na frenteDe todos na praça
Mudo, mudei, mudarei...
A mudança que nem todos vêem
Mudança que só eu sei.
5 de ago. de 2014
Sorriso Velado
Sorriso de olhar apertado, linhas tênues desenham espaços que beijei escondido. Se escondo não sei ainda bem por quê, sei que o acordo é esconder. Tem falácia da juventude, tem gingado de moleque, destreza apertando o beck e um sorriso... mas um sorriso que me aperta o peito! Daqueles que chega rasgando barreiras, bochechas. Chega abrindo-me as pernas, o peito, a boca em um beijo.
Quando vejo teu sorriso não sei o que desejo beijar primeiro:
Os cantos dos olhos ou teu corpo inteiro!
Quando vejo teu sorriso não sei o que desejo beijar primeiro:
Os cantos dos olhos ou teu corpo inteiro!
Ele era vocalista em uma banda de rock 'n roll e quando cantava levava consigo meus olhos cedidos, compunha canções e repetia riffs enquanto ditava o meu batimento cardíaco... Com o tempo as canções foram sumindo, seu apreço partindo e foi aí que pude ver amiúde:
O seu canto era só dele, nada de meu restava ali.
Ele me obrigou a partir.
A alma.
Os passos.
A partida.
Hoje ele não canta, não toca, não nada. Só há silêncio aqui.
O seu canto era só dele, nada de meu restava ali.
Ele me obrigou a partir.
A alma.
Os passos.
A partida.
Hoje ele não canta, não toca, não nada. Só há silêncio aqui.
28 de jul. de 2014
Pêndulo Lírico
Pendi insegura quase como quem pede pra ficar
Dobrei os tornozelos
Tal qual o código moral que me pede aguardar
Um dia ou dois ou uma hora ou mais
Não vejo tanto sentido nesses pudores
Se não cedesse à vontade hoje ao deitar seria tarde demais
O bom de ser impulsiva é ser impulsiva
O ruim de ser impulsiva é ser impulsiva
Pendi porque desejei mas também pra lhe testar
Seus sinais todos tortos meio ambíguos
Não cansaram meus olhos atentos a vigiar
Sei só que como um pêndulo encontre-o e retornei
Tal como um pêndulo sinto a inércia me tomando
Uma ânsia de re-dobrar os tornozelos e voltar
O bom de ser impulsiva é ser impulsiva
O ruim de ser impulsiva é ser impulsiva
...E com o pulso quente impulsionei-me: pendi.
Dobrei os tornozelos
Tal qual o código moral que me pede aguardar
Um dia ou dois ou uma hora ou mais
Não vejo tanto sentido nesses pudores
Se não cedesse à vontade hoje ao deitar seria tarde demais
O bom de ser impulsiva é ser impulsiva
O ruim de ser impulsiva é ser impulsiva
Pendi porque desejei mas também pra lhe testar
Seus sinais todos tortos meio ambíguos
Não cansaram meus olhos atentos a vigiar
Sei só que como um pêndulo encontre-o e retornei
Tal como um pêndulo sinto a inércia me tomando
Uma ânsia de re-dobrar os tornozelos e voltar
O bom de ser impulsiva é ser impulsiva
O ruim de ser impulsiva é ser impulsiva
...E com o pulso quente impulsionei-me: pendi.
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