23 de dez. de 2014

O pranto no trago

O quarto impregnado de alcatrão me leva para a sala do meu apartamento
Você sentado sério no sofá à minha esquerda, eu estirada chupando fumaça
E nem lembro do que a gente falava, e nem lembro por quê perdera a graça
Olho para o cinzeiro entupido do seu cigarro de cravo que eu não suportava
Que quando volto da memória percebo me fazer tamanha falta

Andei centenas de quilômetros para poder fugir de todo rastro do passado
Mas basta o gosto do mingau de chocolate, basta o cheiro do meu cigarro
Para que eu retorne ao lugar que um dia foi seguro e também meu amparo
Teletransoprto-me para o nosso silêncio típico, um fim de dia útil qualquer
Percebo que até a ausência do teu toque e voz grave me preenche

Este meu novo aposento não tem nada de meu
O que me conforta, em momentos como o de agora
É que fora o cheiro de alcatrão, tampouco tem nada de seu.

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