Não sei criar por criar, Bilac não me representa.
Não gosto de regras para organizar minhas palavras
Não sigo uma linha de pensamento
A linha não tem o som da letra
Não dá a chance de voltar atrás
Sempre reta, sempre em frente
Não gosto de linhas
Eu crio porque preciso e porque sinto
Porque me habita o incontível
Que quando pode sai no verso ou no grito
Escrevo porque a cabeça ferve e os dedos tremem
Eu tremo o tempo todo desde sempre sem motivo
Mas eu sei por quê eu escrevo
Escrevo para montar o jarro quebrado com remendos de sílabas
Às quais vez ou outra concedo vida própria
Elas dançam e conforme se arranjam dizem o indizível
Mudam o imutável, quebram o indestrutível
É por isso que escrevo
Porque no verso
Eu desafio a física
Eu desafio a Academia
Eu desafio a mim
Eu desafio a escrita
Eu escrevo para não esquecer do que faço ao escrever.
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