22 de mai. de 2014

Faço samba e amor até mais tarde

Sempre gostei de tudo que fosse novo, toda e qualquer coisa que me trouxesse sensações inusitadas! Provei das mais insólitas comidas, orei das mais variadas formas. Ajoelhei ao padre e me confessei, ajoelhei ao namorado, experimentei.
Lembro-me bem do eco em minha cabeça, das palavras querendo escapar entre os vãos dos meu dentes: EU QUERO SENTIR! Agarrei cada pedaço de sensação que vi pela frente e como se em uma fagocitose emocional, os roubei para mim. A vida sempre me foi assim: tudo intenso, tudo imenso! Ou tudo ou nada, se te amo te dou meu mundo e se lhe odeio lhe tenho asco… Quando feliz uma tocha flamejante e quando triste um dilúvio, viro então a rainha da menisquência, monocromática.
Pouco me admira que inda tão novinha, busquei os prazeres do sexo! Ah! O sexo! Iria lá buscar outra coisa? Tudo o que ouvia pelos cantos era desse famigerado ato!  Pois fui e fiz bem mal feito. Sim: bem mal feito. Aprendi que tudo que se apressa tende a vir com um ou outro defeito. Continuei então, como já era de minha natureza, buscando sensações e situações, sensações EM situações. Descobri que sou tarada! Por mais que ainda não saiba definir por completo o que isso seja, acho que se encaixa, acho que define. Faço amor bem feito, faço até mais tarde. Faço de todo e qualquer jeito, com todo tipo de corpo, com todo tipo de sexo. Faço e gosto, aproveito. Exploro todo e cada canto, do corpo e da alma… cada sensação um novo tesouro que faço questão de guardar.
Ao falar dos meus sentimentos também fui sempre artista, sempre coloquei em notas, cores, letras. Eu canto o que sinto, desenho o que me inflama… Tento traduzir em sílabas a dança da alma, que dança e queima, que grita e procura por vida, essa que me é música para dançar! Foi assim no primeiro porre, primeiro trago, primeiro gozo. Bom ou ruim, coloco para dentro. Deixe-me experimentar! Deixe-me expressar! Vou compor um chorinho, pra falar de tudo que senti com os afagos dos que passaram na minha vida, um sambinha para descrever os gostos das maçãs dos rostos que beijei.
Faço isso porque sou assim, sempre fui e empunhei a missão de sempre o ser: desbravadora das sensações, fazendo samba e amor até mais tarde.

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