23 de mai. de 2014

22 de Maio

"Ela não vê, não sente que está preparando um veneno que vai aniquilar a ambos; e vou saborear com volúpia a taça em que ela me oferecer a ruína; de que me serve a bondade com que quase sempre me olha? …Quase sempre?"




Ah, Werther!
Eu o queria aqui pois sei que me entenderia como eu te entendi em cada vírgula do teu sofrimento. Veja bem, há cá esse rapaz que me olha com bondade, quase sempre; que a mim trata com doçura… quase sempre; que a mim encanta…. Então, quando vem a calhar, em mim pisa e eu, esmagada, opto por agir como se nada me acontecesse, olhar vazio no horizonte, um rastro de sorriso diabólico no canto da boca para disfarçar a testa franzindo, o grito de raiva contido.
Ah, meu amigo, no final são só dores! Chego a minha casa e arremesso-me na cama como quem se joga de um penhasco e me pergunto por quê me submeto a isso. Por quê?! Cerro os olhos tentando desconectar-me do sentimento de humilhação que me corrói. De que me serve a bondade com que quase sempre me trata? …Quase sempre?

Os Sofrimentos do Jovem Werther sempre foi meu livro favorito, de verdade. Perdi as contas de quantas vezes o reli e de quantas vezes o rabisquei, grifei, anexei notas pessoais. Desde as primeiras páginas senti uma conexão muito grande com esse amante dolorido, uma empatia instantânea.
Hoje nada mais sou do que o próprio.

22 de mai. de 2014

Quer que passe um café?

Foi assim: a partir dessa pergunta que passei a me definir.
Quase a espontaneidade em pessoa, um anjo, um amorzinho.

Bela analogia do eu em vida: me fode, em qualquer um dos sentidos, e ainda serei educada o suficiente, para lhe oferecer um café depois do fiasco.

Faço samba e amor até mais tarde

Sempre gostei de tudo que fosse novo, toda e qualquer coisa que me trouxesse sensações inusitadas! Provei das mais insólitas comidas, orei das mais variadas formas. Ajoelhei ao padre e me confessei, ajoelhei ao namorado, experimentei.
Lembro-me bem do eco em minha cabeça, das palavras querendo escapar entre os vãos dos meu dentes: EU QUERO SENTIR! Agarrei cada pedaço de sensação que vi pela frente e como se em uma fagocitose emocional, os roubei para mim. A vida sempre me foi assim: tudo intenso, tudo imenso! Ou tudo ou nada, se te amo te dou meu mundo e se lhe odeio lhe tenho asco… Quando feliz uma tocha flamejante e quando triste um dilúvio, viro então a rainha da menisquência, monocromática.
Pouco me admira que inda tão novinha, busquei os prazeres do sexo! Ah! O sexo! Iria lá buscar outra coisa? Tudo o que ouvia pelos cantos era desse famigerado ato!  Pois fui e fiz bem mal feito. Sim: bem mal feito. Aprendi que tudo que se apressa tende a vir com um ou outro defeito. Continuei então, como já era de minha natureza, buscando sensações e situações, sensações EM situações. Descobri que sou tarada! Por mais que ainda não saiba definir por completo o que isso seja, acho que se encaixa, acho que define. Faço amor bem feito, faço até mais tarde. Faço de todo e qualquer jeito, com todo tipo de corpo, com todo tipo de sexo. Faço e gosto, aproveito. Exploro todo e cada canto, do corpo e da alma… cada sensação um novo tesouro que faço questão de guardar.
Ao falar dos meus sentimentos também fui sempre artista, sempre coloquei em notas, cores, letras. Eu canto o que sinto, desenho o que me inflama… Tento traduzir em sílabas a dança da alma, que dança e queima, que grita e procura por vida, essa que me é música para dançar! Foi assim no primeiro porre, primeiro trago, primeiro gozo. Bom ou ruim, coloco para dentro. Deixe-me experimentar! Deixe-me expressar! Vou compor um chorinho, pra falar de tudo que senti com os afagos dos que passaram na minha vida, um sambinha para descrever os gostos das maçãs dos rostos que beijei.
Faço isso porque sou assim, sempre fui e empunhei a missão de sempre o ser: desbravadora das sensações, fazendo samba e amor até mais tarde.

21 de mai. de 2014

Síndrome de Effy Stonem

Sim, eu estou sorrindo e sim, eu me diverti no fim de semana que passou. Eu beijei, dancei, fui até o chão e gargalhei alto, até as bochechas doerem e os olhos aguarem.
Não, eu não estou bem.
Aprendi que é mais fácil sorrir, fingir que não há um nó dolorido na minha garganta que aumenta a cada segundo. É até mesmo uma forma de convencer à mim mesma e de driblar o monstro que comigo vive. Aprendi que mostrar o jogo, que falar a verdade e vomitar as palavras que guardo grande parte das vezes só me prejudica. Ninguém nunca entendeu, ninguém nunca vai entender. A missão foi a mim designada e só cabe a mim conhecer meu âmago, visitar meus infernos, desembaraçar toda essa bagunça que há na minha alma.

Eu tenho tanto! Mas tanto! Eu juro, juro que sou doce e amável! Mas a doçura é coberta pelo amargo do cansaço crônico e do desânimo, da azedo do medo da rejeição e de me expor. A vida inteira carreguei nas costas um peso imensurável, uma sombra viscosa que penetrou já minhas veias e agora circula em mim, há um monstro junto da minha alma e ninguém é capaz de vê-lo e, se o vê, não tarda a partir. Eis a minha maior lição nessa vida: Todos partem eventualmente.
Não tem por quê, não vale a pena expor tudo o que guardo para alguém que irá embora assim que descobrir o que sinto… Mesmo sabendo que minha tristeza não me resume, eu me resigno ao fato de que sim, choca e sim, as pessoas já tem problemas suficientes e não vão querer consigo alguém que traga mais.

Continuo esperando pelo ser humano que vá me descascar, que vá quebrar cada uma das minhas barreiras, apontar cada um dos meus sorrisos falsos, ver meu lodo interno e ainda assim saber apreciar tudo de bonito que tenho em mim… é tanto! Até queima!
Até lá sigo fechada, sorrindo para os outros, querendo chorar quando estou sozinha… Até lá, eu sufoco nas palavras que eu não digo por medo, no pavor do abandono, na falta de esperança e ao mesmo tempo, na esperança em demasia.


18 de mai. de 2014

Kátia Beijoqueira

Ela me olhou ousadia                          
Beijou incisiva
Eu corei alegria
Beijei improviso

 

14 de mai. de 2014

Ensaio de epílogo



Não aceito frases feitas. Não quero um ombro pra chorar, não quero que um sorriso  seja carimbado em meu rosto que está prestes a rachar. Eu quero ficar aqui onde me sinto segura, jogar tudo que é meu no chão, tudo que um dia já te tocou e ficar ali. Morrer sufocada em cheiros e lágrimas, esmagada por tantas lembranças. Quero engasgar no grito mais alto, aquele que agregaria todos os que já sufoquei e minha vida consigo.
Me embriaguei em minhas próprias lágrimas e confesso, desejo que nessa tontura meus pés se embaralhem, que minha existência escorregue, minha têmpora na quina da mesa, minhas angústias espalhadas no chão de lágrimas e o coração dormente. Quero a vida passando atrás dos olhos, com gosto pulsante na língua de quem já não tem mais saliva, de quem já não tem mais fluído, fluiu da vida.
Não suporto o peso, o meu e da alma, o da alma e o da memória. Há algo errado aqui, estou descompensada, minha passada é descompassada e meu coração pulsa com preguiça, implorando parar. Eu aperto o peito com os punhos, quisera com os dentes! Morder a ferida, provar o gosto do que me mata pouco a pouco, engolir o chorume que corre em mim, envenenar-me com meu próprio betume, viscoso de angústia, a tomar posse da minha existência.
Fico em pé na margem da vida - eu não sei se essa altura bastaria, eu não sei o que me aguarda - balançando, contando quantas vezes eu cheguei perto de partir. Contando com a possibilidade de algum rosto conhecido aparecer sob meu epílogo, de me gritar algum verso querido, convencer-me de que um prólogo novo é possível e as linhas que borrei com lágrimas podem ser refeitas, revisadas e que eu posso visitá-las, sem querer despedaçar meu passado. Sem querer despedaçar-me no chão embaixo da minha janela.
Continuo engolindo tudo que me oferecem, continuo ingerindo vida na esperança de regurgitar a minha própria… De ver enfim o que me consome por dentro, ou morrer tentando.

12 de mai. de 2014

Jasmim

Às vezes eu me sinto assim, como as flores de Jasmim pelas ruas do Rio de Janeiro:
Em abundância, no chão, pisadas vez após vez à espera de alguém que as pegue e aprecie.


11 de mai. de 2014

Balzaquiana

Viu, talvez um dia eu consiga expressar tudo aquilo que me assoma...Dar nome e rosto a toda essa espiral confusa que você sabe que me assombra. Não sei! Não sei dizer o que é que me vem quando eu percebo que não sei o que é mesmo o que eu queria dizer!
Viu, até agora não disse quase nada mas me sinto um bocado aliviada! Vem! Quero abrir a porta e dizer que passei café e que estou com dor nas costas Que eu sinto falta dos meus gatos, estou carente e indisposta; que tudo parece errado e o mundo todo é uma bosta; Que se eu pudesse, viajava para Paris e me jogava no Sena! Você me conhece: eu sou dramática e viajo nessa cena!
Viu,  já liguei o ar-condicionado, fechei a porta do meu quarto, botei o violã de lado, apertei um baseado e quero deitar contigo sem ter hora para levantar.

Timoneira

Minha alma é um navio que navega mares demasiado turbulentos. Nele só embarca quem acho que seja capaz de encarar a viagem repleta de idas e voltas, as ressacas suicidas, a emoção de ver o sol em chamas pondo-se sobre a água que é profunda. Sintonia entre quente e frio, chama e água, eu e eu mesma enfim. Eu sei:
Hei de abrandar meus mares.
Hei de respirar ares.
Tenho o timão em mãos
Resta escolher para onde ir. 

Convite

Ele que me nega o beijo
Mal sabe do mundo que carrego em meu peito
Mal vê que minha alma é tesouro e que
Por simpatia sincera abro-lhe o seio!

É um explícito convite a esse moço que, receio,
É capaz de fazer-me mostrar um a um meus limites.
Eu que sou timoneira me inclino a ancorar-me nele
E confesso: em momentos vacilo.

Há pudores que me pedem
Mas há desejos que a mim gritam
Cá em pensamento estou aos berros: O quero! O quero! Ele merece!

Poema da Margareth

"Se entrar prá história é sacanage"
Mulher forte! Cheia de gana!
Dotada de malandragem, não carece grana.
Entre um surto e outro ferozmente ataca
Em dias bons, jovial, os outros afaga
Coração doce esse teu, mulher!
Tens a alma brava!

Re-partindo

Será que faz parte este ranço?! Dói tanto… Acho sim que faz parte esse desânimo constante. Olha aqui, a verdade é que eu tenho tanto pra dar que finjo que é nada! É tão imenso que me apavoro perante a dimensão de tudo que sinto e experimento. Parece-me mais seguro fingir que não está lá. Vou mostrando só pedaços… Faz parte, não?! Todo esse tango social em volta do que somos e não somos, o que mostramos ou não mostramos. Minhas sensações continentais são puro continente da minha essência, bombas atômicas que ao fragmentarem-se reconstroem-se em cima do todo que vacila sempre na hora de separar-se em partes.

Faz parte essa confusão em cima do que penso, de tudo que sou.

Manhã

Hoje de manhã acordei emaranhada em edredon, lençol e um rapaz.
Tudo confuso: meus braços com as pernas dele, os pêlos dele e meus cabelos… 
Acordei sorrindo, confortável. Acordei quentinha e aninhada. 

Não me movi.

Entre um segundo e outro passei horas pensando em coisas para escrever, na arrumação da casa, na programação desta semana. Pensei em mim também, no meu corpo cansado mas relaxado. De olhos fechados, desenhei entre as sobrancelhas um ponto de interrogação flamejante:
A dúvida queima! Duvidei se um dia eu seria capaz de prever tudo o que me ocorre agora, se um dia eu abriria os olhos enrolada em braços que não os seus.

Não me movi: não sei se quero me mover.

2 de mai. de 2014

Súplica em desabafo

Sempre que lembro do meu ensino médio, recordo com clareza de palestras de psicólogas acerca de problemas comuns nesse período complicado da vida - não que esteja menos, no meu caso. - e é com um asco que me recordo, em especial, daquelas sobre distúrbios alimentares.
Os mais comuns desse leque enorme de dificuldades com a comida e a alimentação são a Anorexia e a Bulimia, e em suas apresentações diziam sempre assim:
- A Anorexia consiste em um medo exagerado da comida e da privação dela, enquanto a Bulimia retrata um indvíduo que, culpado pela comida que ingeriu, vomita.
Olha, eu gostaria que fosse assim tão simples e quadradinho. Segue enfim, o meu desabafo:
Não sei com precisão quando o meu relacionamento com a comida tornou-se conturbado e angustiante, tenhosalgumas recordações, embora obscuras, das minhas primeiras restrições… Começou com o lanche da escola e logo depois eu pulava quantas refeições podia. Lembro-me de ir dormir com fome e de tomar litros de água para que meu estômago não suportasse nem um grão de arroz. Honestamente, bom seria se as coisas continuassem dessa maneira.
Visto que com essas pequenas mudanças em meus hábitos deram resultado, eu queria mais. Sentia-me no controle de pelo menos um pedaço pequeno, mas não pouco significativo da minha vida. Gostaria de narrar como as coisas evoluíram, ou até mesmo lembrar como foi para que eu mesma analisasse minha trajetória nesse caminho obscuro e doloroso.
Desse caminho eu infelizmente ainda não conheci o fim, eu estou em recuperação. Constantemente cedendo aos velhos hábitos e medos e mais uma vez, decidindo lutar esse monstro que durante muito tempo controlou grande parte da minha existência, afetando relações sociais, minha auto-estima, humor e saúde, tanto mental quando física. Por isso digo:
Não, não se parece nem um pouco com o que os psicólogos e palestrantes nos diziam. Esqueceram de mencionar os ataques de ansiedade perto das horas das refeições, as atordoantes restrições! Meu corpo doía de fome mas minha mente gritava que eu não merecia, que eu não tinha controle, que não era capaz ou boa o suficiente.
Disseram sequer, das compulsões: comer pratos e pratos de tudo o que se vê pela frente até o estômago doer, e claro, ver-se obrigada a colocar o que puder daquilo para fora e abusar do uso de laxantes em desespero diante da possibilidade do acúmulo dessas milhares de calorias. Sim, milhares. Em um "Binge" - termo usado para definir as compulsões alimentares -, devo ter consumido, em meu ápice, cerca de 9000 calorias em uma tarde.
Não nos avisaram, do pânico diante de um buffet, porque sua mente oscila entre não comer nada ou o mínimo possível para disfarçar, ou escolher justamente alimentos que sejam mais fáceis de vomitar e comer até passar mal - nada ia ficar "comigo" mesmo…
A vida social! Por que não falaram que um distúrbio desses faria com que alguém recusasse reunir-se com seus queridos pelo medo de se deparar com um coquetel calórico e/ou um ataque de pânico silencioso? Dos constrangedores comentários como "nunca te vejo comer". "porque você sempre vai ao banheiro depois que come?".
Citei aqui, pequenos círculos desse inferno que atinge 1 a cada 10 mulheres, 1 a cada 26 homens, dentre os quais, 10% morrerão em função de desequilibrios e mazelas de seus hábitos alimentares. Eu não quero fazer parte desses números, não mais. Acima de tudo, apavoro-me com a possibilidade de algum de meus conhecidos enfrentar essa batalha e de quantos mais passarão por isso.
Assim, é com o peito pesado que peço aos psicólogos, professores e qualquer outro profissional responsável e presente em especial nesse período da vida de um indivíduo, que estejam sempre alerta, que ofereçam apoio e sobre tudo informação. Não basta expor, é preciso alertar, prevenir e remediar.
Me ponho de prontidão a qualquer um que gostaria de conversar/desabafar sobre o assunto, não vacilo em dizer que me importo e que quero o melhor para todos e para mim. Mantenham-se fortes e não desistam diante de um relapso… Tente outra vez.

Interrogação

Quero


Falar           Fazer          Tramar
Confabular
                                Confraternizar
Realizar                                                        Visualizar
                Apartar
                               Separar           Ser Parar
Para Ser Quê?

29 Pontos

Pontuei sobre a linha traçada à lâmina
Me rasguei para pontuar em cada ponto
Uma ponta de gota de sangue
Do meu penar.

Espiral Errante

O erro  central
No centro do erro
No erro do centro
Do ponto coeso
Do erro
No centro

Rabiscando

Travei uma cruzada
Escrevi traçado da curva de
Um torpe caminho entrelaçado

Criei laços
Captei espaços
Lacunas de desejos cruzados

Estiquei os dedos aos olhos tristes
Querendo abraçá-los 
Meus olhos não cruzo - temo!

Caminho traçado 
Recém destrancado
Na curva do olho
Que com zelo traço

Na hora de dormir

Estabilizador de humor meu Cu
Não tem humor
Humor o caralho
Vão derrubar a porta
Vão po-la abaixo
Desconstruir
Destruir
Desabar
Sabotar
Sangrar
Partir

Olhos de Suicida

Há cá uma menina com os olhos pulsantes tristes, fazem-me querer doar todo conforto que há em mim - se é que resta ainda algum! 
Guardo um medo da dor, assusta-me  a dor dos outros… encontro-me, porém, perdida nesses olhos tristes. Olhos saudosos, chorosos e doces. Olhos de alma profunda.
É tão bela a dona deste par de olhos! Percebo com clareza, que seu charme emana da tristeza e nessas duas íris cor-de-mel, fantasio silenciosa adernar. Quero cuidar destes olhos tristes, trazer o sorriso que merecem.

Pulso Contínuo

Não prezo Não presto                    
Não quero Não gosto
Não gozo Sem gosto
Tem fogo Vem logo
Me jogo Num jogo
Tem gosto Te gosto
Não forço Com força
No fundo Sem fundo
O vazio O mundo
No espelho No meio
Sem meio Sem Jeito
Careço 
Apreço
Sem preço Com pressa
Sem Mais
Sem Vida 
Sem sentido Venho sentido
Não consentido 
Quero sentido
Sentido vazio Buraco
Aspirador de Emoções
Impulsos sem pulso
Não pulsa o pulso
Compulsão!
Não para Não cessa
Só arde Só dói
Só morre Só some
Não soma
Só morre

Éden Particular

Me vejo quase um abismo 
Que com flores do campo fiz questão de acolchoar
Para quem merecer nesse abismo mergulhar
Cair  ardente no fundo do poço de meu paralelismo

Colher antíteses nas planícies de catatonia
Provar no rosto minhas brisas ansiosas paranóicas
Recostar na árvore em eterna agonia
Sustentada por meus princípios de moça estóica

No fim da queda um éden
Dentro do éden meus frutos
Semeando novos monstros. 
Guardo receosa um canto escuro, um pedaço meio errante da minha psique que tira meu sono, que tira meu gosto, meu gozo. Não abro, não mostro! Nem eu mesma sequer o olho! 
Ecoo atordoada um canto obscuro, uma nota dissonante da minha alma que grita em meu sono, que aparece nos meus gostos, traz meu gozo. Eu grito, escancaro! Nem eu mesma sequer me ouço!