10 de jan. de 2016

Último Ato

Foste tu o sacrifício e não vês?
Que eu sinto, querido, teu ego
Esse teu mais precioso bem
Lá de longe ferido.
Escolho um partido e deixo-te
Assim aos poucos...
Deste jeito porco, desmerecido.
A sordidez que me estapeia a cara
É a que me consome 
Por não ter lavado a alma,
Por não ter dado a chance da calma
No revés da partida sem palavra.

Parado o leão no palco sem plateia,
Não há quem aplauda teu ar bravio.
Perdoa, lobinho, o sacrifício!
Admito covarde o partir da alcateia.
Tão cruel conceder só silêncio, vazio!
Eu que me orgulhava da integridade,
Recolho-me à podridão e ao ofício
Da confissão dos pecados:
Este antecipar, meu vício!
Que causa tanta dor e eu suplico:
Vês que foste tu o sacrifício?
Vês que fiz o feito pelo que sinto?
Se sim perdoa, lobinho!

Perdoa a auto-indulgência inescrupulosa
De esconder o rosto 
Diante da vergonha da inevitabilidade
De te inflamar com minha peçonha!
Sei que entendes o meu partir,
Que te dói meu não ser cautelosa
Com o que vieste a sentir.
Se entendes perdoa, pois o fiz
Com honestidade no coração!
Não me dói o sacrifício, vês?
Minha dor é o punhal no dorso do leão!









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