O todo que me rodeia pareceu cético.
Nada do meu semblante nesse ninho!
Reorganizei-os em um admirar mudo,
Meus livros, meu lado mais lépido;
Limpei a pia e a mesa de cabeceira,
Fiz e refiz a cama em tentativa pífia
De sentir essa organização assídua
Em toda vida minha que titubeia
Anda na corda bamba
Que divide o eu do que me rodeia;
O que me liberta e o que me alceia
Daquilo que me aflige e negaceia:
Eu não sou este apartamento gélido
(Mesmo que sob o sol quente)
Eu não sou esse semblante triste,
Tampouco um despertar sem esforço,
Sou metonímia do arrastar de Atlas,
Sou amorfa e ainda assim, dura, rígida
Por vezes tão sem vida quanto rocha,
Por outras pulo da cama em um segundo
Querendo alegrar tudo,
Querendo trocar as cores do meu mundo
Como troco de lugar um por um
Os livros em um êxtase furibundo
Quando acordo e sinto-me deslocada
Como flor de jasmim em chão imundo.
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