3 de nov. de 2015

Chorei na canaleta

Hoje eu chorei
Chorei muito
Como não fazia há semanas
Chorei tanto que os olhos
Estes caminhos obtusos para alma
Estavam secos, estatelados
Na parede vazia um par de mãos espalmado
Só duas agora, eu as conto e choro
Mas não pelos olhos
Verti lágrimas pelos poros
Vi-me chorar o corpo todo
Desaguando todo o resquício
De viscoso lodo
Nesse peito roto
Aflita eu seguro firme o guidão
E choro
Escapam feito farpas
Gotículas de suor morno
Pois os olhos
Estes caminhos certeiros para quem ama
Já não movem, só enxergam parado
O par de mãos na parede
A canaleta que segue em frente
O meu corpo esvai-se cansado
Eu pedalo e choro e continuo dormente

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