Meu corpo não me delata de todo,
Mas meu coração aos poucos falha,
Meu hálito há tempos entrega
Que meu intestino já não trabalha,
Que a fome já muito ignorada sossega,
Que meu expurgo não só é engodo
Mas um suicídio pouco a pouco.
17 de nov. de 2015
△
Em ritmo de três:
Um agudo
Um rugido
Um tigre.
Do lado esquerdo há quem me dance
E do direito há quem me lance
Sobre quem me atravessa a casa e a vista.
Um tigre ,
Uma dança,
Um perdão
Em ritmo de três:
Segue assim sagrado e pulsante, ritmado;
Em um, dois, três pontos contados.
Aos três me viro em um nove empavonado:
Um agudo
Uma dança
Um rugido
Mas um só, apenas um perdão indevassável:
À mim, a eles, a nós, em um, dois, três.
Um agudo
Um rugido
Um tigre.
Do lado esquerdo há quem me dance
E do direito há quem me lance
Sobre quem me atravessa a casa e a vista.
Um tigre ,
Uma dança,
Um perdão
Em ritmo de três:
Segue assim sagrado e pulsante, ritmado;
Em um, dois, três pontos contados.
Aos três me viro em um nove empavonado:
Um agudo
Uma dança
Um rugido
Mas um só, apenas um perdão indevassável:
À mim, a eles, a nós, em um, dois, três.
De manhã
Pulei da cama querendo mudar tudo,
O todo que me rodeia pareceu cético.
Nada do meu semblante nesse ninho!
Reorganizei-os em um admirar mudo,
Meus livros, meu lado mais lépido;
Limpei a pia e a mesa de cabeceira,
Fiz e refiz a cama em tentativa pífia
De sentir essa organização assídua
Em toda vida minha que titubeia
Anda na corda bamba
Que divide o eu do que me rodeia;
O que me liberta e o que me alceia
Daquilo que me aflige e negaceia:
Eu não sou este apartamento gélido
(Mesmo que sob o sol quente)
Eu não sou esse semblante triste,
Tampouco um despertar sem esforço,
Sou metonímia do arrastar de Atlas,
Sou amorfa e ainda assim, dura, rígida
Por vezes tão sem vida quanto rocha,
Por outras pulo da cama em um segundo
Querendo alegrar tudo,
Querendo trocar as cores do meu mundo
Como troco de lugar um por um
Os livros em um êxtase furibundo
Quando acordo e sinto-me deslocada
Como flor de jasmim em chão imundo.
O todo que me rodeia pareceu cético.
Nada do meu semblante nesse ninho!
Reorganizei-os em um admirar mudo,
Meus livros, meu lado mais lépido;
Limpei a pia e a mesa de cabeceira,
Fiz e refiz a cama em tentativa pífia
De sentir essa organização assídua
Em toda vida minha que titubeia
Anda na corda bamba
Que divide o eu do que me rodeia;
O que me liberta e o que me alceia
Daquilo que me aflige e negaceia:
Eu não sou este apartamento gélido
(Mesmo que sob o sol quente)
Eu não sou esse semblante triste,
Tampouco um despertar sem esforço,
Sou metonímia do arrastar de Atlas,
Sou amorfa e ainda assim, dura, rígida
Por vezes tão sem vida quanto rocha,
Por outras pulo da cama em um segundo
Querendo alegrar tudo,
Querendo trocar as cores do meu mundo
Como troco de lugar um por um
Os livros em um êxtase furibundo
Quando acordo e sinto-me deslocada
Como flor de jasmim em chão imundo.
16 de nov. de 2015
Amour Mortel
Desde a infância um namoro
Quase uma mórbida dança
Com o perecer por si só.
De túnica negra uma moça,
Que me envolve e retumba
Cantos de saudade
Não só da mortalha, da tumba;
Mas do silêncio do desconhecido;
Do não haver um só corrente fluído;
Sequer de dor um gemido:
Só o vazio sob a túnica da moça,
Que baila comigo debaixo de sol frio.
Desde menininha, paira ali
Bailarina negra e gélida
Na ponta dos pés, esvaindo-se
Põe-me implorando pra lhe seguir
Quase uma mórbida dança
Com o perecer por si só.
De túnica negra uma moça,
Que me envolve e retumba
Cantos de saudade
Não só da mortalha, da tumba;
Mas do silêncio do desconhecido;
Do não haver um só corrente fluído;
Sequer de dor um gemido:
Só o vazio sob a túnica da moça,
Que baila comigo debaixo de sol frio.
Desde menininha, paira ali
Bailarina negra e gélida
Na ponta dos pés, esvaindo-se
Põe-me implorando pra lhe seguir
Segunda-Feira
Ainda pingam meus cabelos
Do banho gelado dessa manhã fria,
As gotas caem navalhas sobre os pés
Que se fincam no território morno e seguro
Que é esta toca que é só minha.
Deito no mar que é a cama
Ancoro-me ali,
Onde durmo e deito
E finjo que morri.
Afogo-me nas cobertas,
Enforco-me nos lençóis.
Hoje mais uma vez eu ensaiei
Um sono eterno e justo,
Mas o sol da manhã veio
E com ele imposição algoz:
"Levanta-te, toma um banho,
Esconde mais uma vez esse luto
Pois no teu alvo, enfermo busto
Encontras ainda um belo esteio"
Ainda pingam meus olhos
Diante da tarefa árdua que é cada manhã.
As gotas caem carinhosas nas mãos
Que escrevem o que urge e grita e fere
Para que eu não esqueça jamais
Que eu já caí e me reergui,
Que eu já quis morrer mas vivi.
Quem sabe um dia qualquer
Encontre um motivo para levantar
E sentir vontade de estar aqui.
Do banho gelado dessa manhã fria,
As gotas caem navalhas sobre os pés
Que se fincam no território morno e seguro
Que é esta toca que é só minha.
Deito no mar que é a cama
Ancoro-me ali,
Onde durmo e deito
E finjo que morri.
Afogo-me nas cobertas,
Enforco-me nos lençóis.
Hoje mais uma vez eu ensaiei
Um sono eterno e justo,
Mas o sol da manhã veio
E com ele imposição algoz:
"Levanta-te, toma um banho,
Esconde mais uma vez esse luto
Pois no teu alvo, enfermo busto
Encontras ainda um belo esteio"
Ainda pingam meus olhos
Diante da tarefa árdua que é cada manhã.
As gotas caem carinhosas nas mãos
Que escrevem o que urge e grita e fere
Para que eu não esqueça jamais
Que eu já caí e me reergui,
Que eu já quis morrer mas vivi.
Quem sabe um dia qualquer
Encontre um motivo para levantar
E sentir vontade de estar aqui.
15 de nov. de 2015
Eco
Já quase nem falo,
Mas soluço.
Tropeço,
Peço
Perdão e me calo
Caso soluço
Impeço.
Peço,
Que cesse do teu soluço esse eco.
Mas soluço.
Tropeço,
Peço
Perdão e me calo
Caso soluço
Impeço.
Peço,
Que cesse do teu soluço esse eco.
Expurgo
Rasgo rascunhos para não rasgar as veias
Meu registro é escarro,
É alívio,
É até mesmo orgasmo.
Meu mercúrio permite
Que minha autofagia
Esse expressar desenfreado
Seja tênue limite
Entre minha redenção e calvário
12 de nov. de 2015
22
I was standing, you were there
Do outro lado, nem tão longe
E me reconheceu de imediato
Eu de amarelo, com purpurina
Na testa e a tinta na bochecha
Ajudou encobrir o meu rubor.
Cabelo desarrumado e o meu
Coração desvirtuado, pôs-se
A bater desenfreado,
Sob o sol de janeiro
No meio do pátio.
Two worlds collided
Eu que pura espontaneidade
Travei surpresa com tua
Presença forte simplista
Teu chamado ecoou:
Foi aí!
Foi quando te ouvi
Que eu soube
Não tinha pra onde fugir
Não tinha chão pra me esconder
Estava parada, estavas ali
E a partir do teu chamado alegre
They could never tear us apart
Do outro lado, nem tão longe
E me reconheceu de imediato
Eu de amarelo, com purpurina
Na testa e a tinta na bochecha
Ajudou encobrir o meu rubor.
Cabelo desarrumado e o meu
Coração desvirtuado, pôs-se
A bater desenfreado,
Sob o sol de janeiro
No meio do pátio.
Two worlds collided
Eu que pura espontaneidade
Travei surpresa com tua
Presença forte simplista
Teu chamado ecoou:
Foi aí!
Foi quando te ouvi
Que eu soube
Não tinha pra onde fugir
Não tinha chão pra me esconder
Estava parada, estavas ali
E a partir do teu chamado alegre
They could never tear us apart
Sorri na canaleta
Hoje eu sorri
Antagonismo daquilo que
Na semana ápice dos meus pesares fiz
Pé sobre pé no pedal e firme e tensa
Tão tensa que tencionei bochechas
Fortemente em direção às orelhas
Olha bem amor, hoje eu sorri
Sorri porque a canaleta era longa
E ainda me restavam algumas quadras
Pra sentir o vento no rosto
Esse prazer simples e íntimo
Retumba e faz subir à garganta
Coração ávido e rápido e pulsa
Como nunca
Porque agora a reta é infinita
Porque agora eu posso soltar as mãos
E relaxar os ombros
Olhar pra frente
Pedalar tranquila, tem chão ainda
E eu posso ir onde quiser.
Antagonismo daquilo que
Na semana ápice dos meus pesares fiz
Pé sobre pé no pedal e firme e tensa
Tão tensa que tencionei bochechas
Fortemente em direção às orelhas
Olha bem amor, hoje eu sorri
Sorri porque a canaleta era longa
E ainda me restavam algumas quadras
Pra sentir o vento no rosto
Esse prazer simples e íntimo
Retumba e faz subir à garganta
Coração ávido e rápido e pulsa
Como nunca
Porque agora a reta é infinita
Porque agora eu posso soltar as mãos
E relaxar os ombros
Olhar pra frente
Pedalar tranquila, tem chão ainda
E eu posso ir onde quiser.
3 de nov. de 2015
Chorei na canaleta
Hoje eu chorei
Chorei muito
Como não fazia há semanas
Chorei tanto que os olhos
Estes caminhos obtusos para alma
Estavam secos, estatelados
Na parede vazia um par de mãos espalmado
Só duas agora, eu as conto e choro
Mas não pelos olhos
Verti lágrimas pelos poros
Vi-me chorar o corpo todo
Desaguando todo o resquício
De viscoso lodo
Nesse peito roto
Aflita eu seguro firme o guidão
E choro
Escapam feito farpas
Gotículas de suor morno
Pois os olhos
Estes caminhos certeiros para quem ama
Já não movem, só enxergam parado
O par de mãos na parede
A canaleta que segue em frente
O meu corpo esvai-se cansado
Eu pedalo e choro e continuo dormente
Chorei muito
Como não fazia há semanas
Chorei tanto que os olhos
Estes caminhos obtusos para alma
Estavam secos, estatelados
Na parede vazia um par de mãos espalmado
Só duas agora, eu as conto e choro
Mas não pelos olhos
Verti lágrimas pelos poros
Vi-me chorar o corpo todo
Desaguando todo o resquício
De viscoso lodo
Nesse peito roto
Aflita eu seguro firme o guidão
E choro
Escapam feito farpas
Gotículas de suor morno
Pois os olhos
Estes caminhos certeiros para quem ama
Já não movem, só enxergam parado
O par de mãos na parede
A canaleta que segue em frente
O meu corpo esvai-se cansado
Eu pedalo e choro e continuo dormente
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