26 de out. de 2015

Guardado

Para aquela menina que escreve agora linhas tímidas sob o olhar despretensioso de qualquer um que não seja eu, porque eu ouço os gritos dela em cada vírgula, eu vejo sua língua atrás daqueles dentes perfeitamente alinhados, movendo-se querendo ser ouvida, querendo afagar a minha.
Para aquela que se veste com uma pose de mulher impenetrável e com um olhar desinteressado, nebuloso... Mas que não me engana, que não consegue mascarar a doçura e a intensidade dentro daquele peito ardente de paixões, dentre as quais escolheu algumas poucas a dedo para expor ao mundo. 
Para aquela que me lê algumas vezes em caracteres, outras com a ponta dos dedos passeando suaves por sobre as cicatrizes do meu antebraço, uma outra vez com a boca roçando na minha, descobrindo meu sexo... 
Para ela eu registro aqui minha sordidez, meu sincero e torto sorriso acompanhado de um olhar encabulado, peço perdão pela minha tendência à solidão acompanhada, pela dificuldade que tenho em atar com firmeza os laços. Como ela disse eu tenho medo... Medo até mesmo de temer o medo. Eu também tenho minhas poses, minhas máscaras, das quais sei que ela com candura me despiria, como no dia em que dançamos em um inferninho, e que nossas línguas dançaram juntas ao som da sua banda favorita.... Para ela meu mais sincero suspiro, meu olhar de quem admite que seria melhor naquelas mãos tão ternas.

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