Pendi insegura quase como quem pede pra ficar
Dobrei os tornozelos
Tal qual o código moral que me pede aguardar
Um dia ou dois ou uma hora ou mais
Não vejo tanto sentido nesses pudores
Se não cedesse à vontade hoje ao deitar seria tarde demais
O bom de ser impulsiva é ser impulsiva
O ruim de ser impulsiva é ser impulsiva
Pendi porque desejei mas também pra lhe testar
Seus sinais todos tortos meio ambíguos
Não cansaram meus olhos atentos a vigiar
Sei só que como um pêndulo encontre-o e retornei
Tal como um pêndulo sinto a inércia me tomando
Uma ânsia de re-dobrar os tornozelos e voltar
O bom de ser impulsiva é ser impulsiva
O ruim de ser impulsiva é ser impulsiva
...E com o pulso quente impulsionei-me: pendi.
28 de jul. de 2014
27 de jul. de 2014
De número x
Com ele tudo era música
Cabelo desarrumado
A boca feita em um bico
Cedi um sopro de desejo sustenido
Compus com ele um beijo
Tamanha nossa harmonia
O mundo girou sinfonia
Tudo era música.
Cabelo desarrumado
A boca feita em um bico
Cedi um sopro de desejo sustenido
Compus com ele um beijo
Tamanha nossa harmonia
O mundo girou sinfonia
Tudo era música.
Neolovismo
Quisera eu criar palavras
Saber com maestria juntar traços
Como quem reorganiza letras
Faz um novo vestido de velhos trapos
Pintar na folha as cores da alma
Um novo Dialeto
Dizer por completo
Tudo o que meu
Eu te amo
Mais sincero
Não foi capaz de dizer
Com tudo o que se tem por amor
Com tudo o que se tem por afeto
Eu te amo
Eu te amo
E ainda sinto que não expresso.
Saber com maestria juntar traços
Como quem reorganiza letras
Faz um novo vestido de velhos trapos
Pintar na folha as cores da alma
Um novo Dialeto
Dizer por completo
Tudo o que meu
Eu te amo
Mais sincero
Não foi capaz de dizer
Com tudo o que se tem por amor
Com tudo o que se tem por afeto
Eu te amo
Eu te amo
E ainda sinto que não expresso.
25 de jul. de 2014
Cascata Semântica
EU:
Monossílabo tônico como a água que eu gosto acompanhando meu rum.
HUM:
Som automaticamente emitido quando a conversa me é desinteressante. (Quase sempre)
SEMPRE:
Puta palavra escrota. Próxima!
PRÓXIMA:
Remete à esperança, continuidade, deslocamento.
DESLOCAMENTO:
Volte ao topo.
Monossílabo tônico como a água que eu gosto acompanhando meu rum.
HUM:
Som automaticamente emitido quando a conversa me é desinteressante. (Quase sempre)
SEMPRE:
Puta palavra escrota. Próxima!
PRÓXIMA:
Remete à esperança, continuidade, deslocamento.
DESLOCAMENTO:
Volte ao topo.
24 de jul. de 2014
Sonho Aqueronte
O despertador tocou antes que eu pudesse cair. Estava lá, na beira da ponte, olhando para baixo e imaginando o que me esperaria por trás da película fina de água que me refletia. Tênue limite entre a vida e a morte... Infinitas pontes, - estas de hidrogênio - que me impediriam de inspirar o ar que me mantém viva e que me soca os pulmões a cada suspiro, abocanhando o vazio ao tentar absorver toda e qualquer coisa que me inspire algo. Inspirar para insispirar-se. Jogar-se para descobrir-se.
Não deu tempo, era já minha hora de levantar e abandonei-me ali, petrificada como a ponte que me sustentava e inundada de pensamentos fluidos que me corriam os rios de veias, tentando-me a unir-me ao meu Rio dos Mortos Particular.
Não deu tempo, era já minha hora de levantar e abandonei-me ali, petrificada como a ponte que me sustentava e inundada de pensamentos fluidos que me corriam os rios de veias, tentando-me a unir-me ao meu Rio dos Mortos Particular.
23 de jul. de 2014
Drama Humano
Sentou-se ereta, obstinada:
- Então é isso.
Abriu o livro e pôs se a ler postulados matemáticos.
- Grandes merda.
Acendeu um cigarro e sagaz, pôs-se a decodificar o enunciado:
- Setenta e cinco por cento de xis vezes xis menos cinquenta por cento de xis é igual a dois mil e cem.
Pousou a lapiseira, fitou a fumaça no ar:
- E eu? O que faço com esses números?!
- Então é isso.
Abriu o livro e pôs se a ler postulados matemáticos.
- Grandes merda.
Acendeu um cigarro e sagaz, pôs-se a decodificar o enunciado:
- Setenta e cinco por cento de xis vezes xis menos cinquenta por cento de xis é igual a dois mil e cem.
Pousou a lapiseira, fitou a fumaça no ar:
- E eu? O que faço com esses números?!
14 de jul. de 2014
Protótipo de Pollock Suicida
Depois de aproximadamente 120 dias eu me vi na mesma situação humilhante: em quatro apoios, esvaindo a alma em lágrimas, com um pano em mãos e fitando no reflexo do assoalho a minha imagem, meu rosto partido ao deparar-se com os restos de meu corpo rasgado. Meu sangue coagula e reparo: quanto mais tempo passa desde a sangria, mais fácil é de se limpar. Não esparrama, não mancha, só sai no pano instantaneamente. Quando é recém extraído porém, o sangue flui, escorrega na pele branca de minhas coxas e braços (irônicamente já pálidos, ansiosos cadavéricos?!) e despenca... Deixo sempre um tempo passar para que me aventure a apagar os desenhos cor púrpura que ousei respingar, assim sei que não será preciso esforço... some rápido, como eu gostaria de lidar com tudo na vida.
Abri, mais uma vez, a pele pra chorar... Chorar pelos olhos não basta, não expressa e não expurga o que me assoma... É um ato mórbido na tentativa de me acalmar, externar a intensidade da minha dor, de colocar de forma visível para o mundo e em especial para mim que ando cega, a dimensão do quanto sofro. Sangro não só sangue, mas sangro lágrimas, gritos, desespero, agonia.
Olho para o chão respingado e choro, choro igual a uma criança querendo a mãe... mas ironicamente, eu choro por não querer a minha. Rejeito o colo que me foi dado... sinto-me em uma cama de pregos. Deveria ser o meu refúgio... mas se o é por que tanto me fere? Rejeito pois fui primeiramente rejeitada. Não escancaro meu afeto porque ele foi vez após vez testado... Soa-me tão sarcástico quando ouço de outrem que sou eu, justo eu, tão gentil por natureza, quem testa o afeto alheio. Choro porque tudo o que mais desejo na vida é aceitação, carinho e amor mas ainda não consigo distinguir com clareza, se o desejo dos outros ou de mim mesma.
Hoje, depois de 120 dias sem fitar meu sangue eu o desejei como um ser faminto implorando por migalhas, eu gostaria de inundar o mundo com ele, afogar todas as palavras, os julgamentos, o sentimento de vazio e de não se ter valor algum, ver tudo mergulhado em vermelho, na cor da raiva, do pulso, da paixão. Olho em volta e procuro insistente uma saída, um plano para dar a volta por cima, para me re-compor, eu que sempre compus uma ou outra melodia, deveria ser capaz de compor uma música para guiar minha vida... mas não enxergo por entre os acordes, os dedos escorregadios não se arranjam em notas, mas em punhos cerrados. Está tudo tão entrelaçado, como os pontos no meu braço, tudo amarrado, em laços de sangue. Cortaram-me o cordão umbilical mas hoje gostaria de tê-lo cortado eu mesma, com os dentes, para que não me visse ainda com ele no pescoço, como o nó da forca que tanto fantasio. Rasguei minha pele hoje, eu mesma empunhava a lâmina pois a escolhi segurar, mas quem empurrou meu braço foram as palavras daquela que diz que a mim ama, porém quem mais do que qualquer um no mundo me faz querer deixar de existir.
Abri, mais uma vez, a pele pra chorar... Chorar pelos olhos não basta, não expressa e não expurga o que me assoma... É um ato mórbido na tentativa de me acalmar, externar a intensidade da minha dor, de colocar de forma visível para o mundo e em especial para mim que ando cega, a dimensão do quanto sofro. Sangro não só sangue, mas sangro lágrimas, gritos, desespero, agonia.
Olho para o chão respingado e choro, choro igual a uma criança querendo a mãe... mas ironicamente, eu choro por não querer a minha. Rejeito o colo que me foi dado... sinto-me em uma cama de pregos. Deveria ser o meu refúgio... mas se o é por que tanto me fere? Rejeito pois fui primeiramente rejeitada. Não escancaro meu afeto porque ele foi vez após vez testado... Soa-me tão sarcástico quando ouço de outrem que sou eu, justo eu, tão gentil por natureza, quem testa o afeto alheio. Choro porque tudo o que mais desejo na vida é aceitação, carinho e amor mas ainda não consigo distinguir com clareza, se o desejo dos outros ou de mim mesma.
Hoje, depois de 120 dias sem fitar meu sangue eu o desejei como um ser faminto implorando por migalhas, eu gostaria de inundar o mundo com ele, afogar todas as palavras, os julgamentos, o sentimento de vazio e de não se ter valor algum, ver tudo mergulhado em vermelho, na cor da raiva, do pulso, da paixão. Olho em volta e procuro insistente uma saída, um plano para dar a volta por cima, para me re-compor, eu que sempre compus uma ou outra melodia, deveria ser capaz de compor uma música para guiar minha vida... mas não enxergo por entre os acordes, os dedos escorregadios não se arranjam em notas, mas em punhos cerrados. Está tudo tão entrelaçado, como os pontos no meu braço, tudo amarrado, em laços de sangue. Cortaram-me o cordão umbilical mas hoje gostaria de tê-lo cortado eu mesma, com os dentes, para que não me visse ainda com ele no pescoço, como o nó da forca que tanto fantasio. Rasguei minha pele hoje, eu mesma empunhava a lâmina pois a escolhi segurar, mas quem empurrou meu braço foram as palavras daquela que diz que a mim ama, porém quem mais do que qualquer um no mundo me faz querer deixar de existir.
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