Caminho no cipó,
Suspensa no vento.
E rodopio destemida: giro, giro, giro
Na ponta dos pés
Com dedos ornados de jóias!
Minha coroa tem sete cores,
Que guiam as canelas
Ritmadas ao passo de Matamba.
Giro, giro, giro
Sem sair do lugar.
Mãe Santa Bárbara me empurra,
Aninha e nina
Sob os olhos ardentes, cautelosos
De meu querido pai Xangô.
A brisa me lambe a testa
E me lembra das terras
De meus avós.
É na beira do riacho
Que eu escorro os olhos.
Expulso o féu nas águas
Das minhas emoções.
Batizo meu corpo,
Morada pulsante da nascente doce
Do amor que vem d´Oxum.
A corredeira se enrola em meus dedos,
Lembrando que acima da lei
Existe o amor.
Ela quem traz no córrego flor,
É em quem afogo todo meu dissabor.
A espuma do rio me refresca o rosto
Lembra da paz lá em Aruanda,
Lembra da terra dos meus avós.
O caboclo me sopra ervas
E traz a peçonha que alerta
Dos males do caminho..
Que já não me enxergam:
Pois sou tutora do seu belo cocar.
A cobra que me enlaça a cintura,
É quem me guarda
No caminho da mata.
Debaixo das folhas,
Oxóssi deu vida pra terra,
E por cima das copas,
Ensinou os pássarinhos cantar.
E eles cantam pra mim,
Que é pra me lembrar do terreiro,
Das ervas, dos ventos, do fogo morno e a água
Da terra dos meus avós.
Varal de Refluxos
25 de out. de 2016
13 de set. de 2016
Você assassinou meu mal estar de Janeiro...
Veio cavaleiro de passo largo, certeiro.
E eu que salivava mágoa
Entornei protesto!
Vi-me sob tão conhecido
Fitar do cabresto
E disse: Ai, não!Veio cavaleiro de passo largo, certeiro.
E eu que salivava mágoa
Entornei protesto!
Vi-me sob tão conhecido
Fitar do cabresto
Ai de mim que me julgava sóbria,
Sã...
E salva.
Eis então que meu rancor se esfarelou
Diante deste presente grego de Agosto:
Um sorriso meio de lado...
Amarelo.
Eu que não erro nunca engoli em seco:
O ranço encarde o tecido mais belo.
E disse: Ai, não!
Ai de mim que me achava lívida,
Sob o véu cinza de luto pós desventurança.
Hoje sim, com o cavaleiro ao lado,
Sã...
E salva.
Ah, que estorvo...
Eis a face parva
Desta Palerma:
[Ave, Minerva!
Diz que diz que não diz nada;
Que somente sente e sonha...
Mercúrio, menino, se puder acuda!
Que do seu fruto a semente busco
E floreio a boca
[em prece aguda:
Permita-me o dom da palavra!
Ensina-me transmitir sem falar.
Baco, amigo! Deixa-me só!
A afta que arde
Faz flambar a língua
[esturricada, inútil pó!
Ofereço, feito potranca mansa,
A outra face.
Entorno adstringência,
O feu tártaro.
Gosto que é da rota uva,
Estopim do estapear augusto
[Em meu silêncio bárbaro
Eis a face parva
Desta Palerma:
[Ave, Minerva!
Diz que diz que não diz nada;

Mercúrio, menino, se puder acuda!
Que do seu fruto a semente busco
E floreio a boca
[em prece aguda:
Permita-me o dom da palavra!
Ensina-me transmitir sem falar.
Baco, amigo! Deixa-me só!
A afta que arde
Faz flambar a língua
[esturricada, inútil pó!
Ofereço, feito potranca mansa,
A outra face.
Entorno adstringência,
O feu tártaro.
Gosto que é da rota uva,
Estopim do estapear augusto
[Em meu silêncio bárbaro
23 de ago. de 2016
Canção de ninar
Disparo lampejos alvos de desejo,
Perambulo inquieta nuvens acetinadas,
E sobrevôo intuições previamente pontuadas.
Na terra doída e calcada,
Perco-me no embaralhar das revoadas...
O som que retumba e acorda meu ser.
[Que seria eu sem o trovoar?
Sou céu e não há tempestrade que me desague
Que chova, trovoe e relampeie...
Que o farfalar da justiça divina me embale...
A chuva, amigo, é canção de ninar
[Para um peito que arde.
Perambulo inquieta nuvens acetinadas,
E sobrevôo intuições previamente pontuadas.
Na terra doída e calcada,
Perco-me no embaralhar das revoadas...
O som que retumba e acorda meu ser.
[Que seria eu sem o trovoar?
Sou céu e não há tempestrade que me desague
Que chova, trovoe e relampeie...
Que o farfalar da justiça divina me embale...
A chuva, amigo, é canção de ninar
[Para um peito que arde.
Canção de ninar
Disparo lampejos alvos de desejo,
Perambulo inquieta nuvens acetinadas,
E sobrevôo intuições previamente pontuadas.
Na terra doída e calcada,
Perco-me no embaralhar das revoadas...
O som que retumba e acorda meu ser.
[Que seria eu sem o trovoar?
Sou céu e não há tempestrade que me desague
Que chova, troveje e relampeie...
Que o farfalar da justiça divina me embale...
A chuva, amigo, é canção de ninar
[Para um peito que arde.
Perambulo inquieta nuvens acetinadas,
E sobrevôo intuições previamente pontuadas.
Na terra doída e calcada,
Perco-me no embaralhar das revoadas...
O som que retumba e acorda meu ser.
[Que seria eu sem o trovoar?
Sou céu e não há tempestrade que me desague
Que chova, troveje e relampeie...
Que o farfalar da justiça divina me embale...
A chuva, amigo, é canção de ninar
[Para um peito que arde.
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