26 de jan. de 2015









Coroando do meu imenso apreço objeto
A luz derramava como se houvesse ali farol
Eu transbordei sorriso e entornei afeto

24 de jan. de 2015

Eu que por mil vidas intensa
Justo eu presa à singular cadência:
Andar desacompanhado minguante
Nos lábios mantras, murmurante
Permiti-me tamanha displicência
Apresentar meu canto
Presentear meu canto
Assim com esmero, retribuir encanto

Flui fácil o desaguar do meu mar


 


Om namah Shiavaya

Manhã pousou na garganta fazendo vir música
Aquela que há tempo não sentia o gosto de cantar
Voz que é minha e dou para o mundo e é por amar
Não só Shiva atendeu e veio a dor cessar
Como Vishnu junto a Krishna a me acalentar
E a cantiga que me aquece é baixinha
Quase uma prece
Um lembrete
Que o canto existe para quem sabe encantar

13 de jan. de 2015

Em curitiba cai rai
Ouvi de longe baru
Lho peço que se
Já sou doída por natu
Reza pela dor que cês
Sabe, eu já me reergui
...um punhado enorme assim de vezes.

Valeu você.

Você pediu e eu lhe dei
Vez após vez após vez
Até quando não pediu
Eu dei também

Dei tanto de mim que me perdi
Em algum lugar aí dentro
Meus braços, poemas, e a voz
A que eu usava pra cantar
Quase sempre eu emprestava
Pra cantar pra você

Aí você parte sem anunciação
Partiu também meu mural
De momentos congelados, queridos
Um amigo estimado

E me pede parcimônia, parceria,
Pau no seu cu, isso sim
Por levar tanto de mim e partir assim
Sem aviso prévio, sem aviso de despejo

Me jogou na calçada como bituca
Eu que te coloquei no pedestal absoluto
Eu que te dei a pele pra registrar
Registra isso agora, filho da puta:

Eu aguardo ansiosamente que perguntem por mim
E quero ouvir sua voz irritantemente fanha dizer assim:
Não sei, nunca mais a vi
Eu sinto falta, mas perdi
Eu sei que fodi a porra toda

E dançando alegremente com os meus, bradarei:
Valeu você! Que se foda!!


8 de jan. de 2015

Obrigada

Gostaria de agradecer entre dentes
A sua permanência até ausente
Porque não o vejo nem em letras
Mas o sinto sempre entre dias cadentes

Gostaria de abraça-lo e dizer
Viu? Eu abri a casa pra você no peito
E o cobri de carinho e sinceridade
Pra no final ficar sozinha com a sua maldade

Obrigada por ter ficado enquanto os outros foram
Mesmo que passado o tempo, você se foi também
Obrigada por sair da minha vida mas não de mim
Eterno lembrete de que pessoas serão pessoas e eu
Sozinha assim.

3 de jan. de 2015

Falei displicente de poesia
O advogado conhecia o Arnaldão
Pára tudo! haikai de mim, no chão

2 de jan. de 2015

223,6 km

eu só não vou a pé daqui até aí
porque dói muito mais escrever
e colocar os pingos nos is 
do que caminhar até sua varanda
e escancarar esse abandono
e chorar o seu silêncio
e perguntar e ai
e o que fez de mim
e no final das contas eu só quero
mais que ir a pé daqui até aí
jogar fora esse girassol
e escrever até não mais sentir

achei estranho tudo tão colorido
até dava vontade de viver
o vasto campo florido
tão vivo

não vivo
mais o mundo de cor
que um dia você me deu
agora tudo é preto e cinza e dor

Eu nunca
nunca mesmo
gostei nem um pouco de amarelo


Gozar
a vida
os amigos
a saúde
o espelho
e no final
do ato
que faz vida


Às vezes me dá uma pira 




Que é a vida
Arrisco SIM
Sem traçar risco
Como cutucar um BICHO arisco
Com a vara curta
Pra fazer riso
É tarde quando a vodka me entontece
O grito contido quase sai me puxando
Do avesso
Observo inerte a parede vazia, entristece
Não sei se causa mais dor ou gratidão
Meu apreço
Nosso cantor favorito ulula
Hinos de nostalgia ao fundo
Falta-me palavras para descrever as sensações
Saltam no peito já há tempo
Moribundo
Inundado de preces que afoguei e de saudade
Monções
A bandeira-presente em mente sobre
Meu corpo despido
Em momentos assim sou tudo que somos juntos
De tudo autônomo deixo o ser
Desprovido
E recolho-me a aguardar remoendo prantos
Do que
Já fui
Ainda não sou
Do que
Eu fiz
Hei de fazer
Do que
Já não é
Que restou.
Dei-o mais do que devia, mais do que merecia
Gastei meu vocabulário na tentativa míngua
De presentea-lo com os regalos do meu adorar
Sincero e puro, um apreço augusto, sem mediar

É o fim de um ciclo que eu encaro temerosa
Não só o ano que cessa, mas o equilíbrio nosso
Seus raros carinhos esquivos, meu jubiloso sorriso
É chegada hora de nadar para a margem nebulosa

Sair ofegante do mar que é tua amizade dúbia 
Saltar do bote improvisado que fiz esperançosa
Vez após vez eu me ofereço límpida transparente
Seu silêncio só confirma ingratidão irreverente

E dói e enfurece e entristece
Meu bom dia emudeceu
Você me irrita
Quando me faz Rita
Aquela ovelha negra
Mas não me pinta preta
Carboniza
Con cretismo
Pra que te que
Ro com que de 
Encantamento
Mágia com verso
No fogo b a i x o
Faz suco l e n t o
Vejo graça
Você graxa
Te peço fala
Prefere pedala
Não sabe explicar nada
Mas eu vou entendendo
A graça que eu vejo
Em dividir tudo e nada

Pra guardar no bolso

Você que expande meu concretismo
E me absorve despido de achismo
Você tão
Tão imenso
No seu pequenismo
E me entende contente
E descontente
Às vezes não
Mas semeia os sorrisos
Mais gostosos
Que a preguiça que eu sinto
Todo santo domingo
Eu quero dormir
Mas quando deito a caneta
E a cabeça
Acende uma lâmpada
Dei luz sem querer
A um novo poema