16 de set. de 2012

Flores espalhadas pela chuva


Fica difícil, sempre um pouco mais, o peito aperta, sempre alguns milímetros a mais. Repenso sempre minha existência, repenso sempre minha vontade de realmente existir... Não acredito que haja um plano traçado, uma linha sorridente estirada no chão esperando que eu a siga, não há estrada de tijolos amarelos.
Mas eu suspiro, eu agarro o ar com tanta raiva e desespero que faço pressão na alma, silencio vozes no meu próprio purgatório moral. Apago alguns borrões, mas é só de mentirinha... porque quanto mais eu esfrego, quanto mais sabão eu jogo mais eles borram. Lavo tudo com lágrimas, rasgo a pele entre uma faxina e outra... mas eles ainda estão lá. Borrões escrotos.
Eu quero sempre ser melhor, mas ser melhor por vontade de não fazer parte do pior é realmente digno?
Com licença Yan, mas eu me aproprio das suas palavras e digo que choro, eu choro como criança apesar dos anos terem me tornado velha.

"Choro como uma criança embora eses anos me tornaram velhoAceitar como uma maldição um acordo azaradoDeitado pelo portão ao pé do jardimMinha visão entende para fora da barreira do muroNenhuma palavra poderia explicar, nenhuma ação determinarSó assistindo as árvores e as folhas enquanto caem."

11 de set. de 2012

Ode Reverso à minha doce infância


Então você me via, agora não mais
Não me pergunte onde eu estou
Porque eu sozinha sou mil lugares
Não questione minhas convicções
Não petrifique meus questionamentos

Eu estava ali, agora estou aqui?
Arquitetei uma fortaleza imensa
Fortaleci todos os heróis que criei em mim

Quando ando em quartos lotados
Sinto como se fosse a minha sentença
Desde então eu sempre soube o que não me pertencia
O peso da mão e do julgamento
Invisibilidade agora é meu novo superpoder

Não me chame porque não me encontro em casa
Não conte até três porque eu achei um lugar secreto
E de lá eu não saí, nunca mais
Desapareci de toda a sua alegria
Fugi da fantasia que é viver nessa família


Munida de punhos ágeis
Cega de lágrimas orgulhosas
Adeus