Fica difícil, sempre um pouco mais, o peito aperta, sempre alguns milímetros a mais. Repenso sempre minha existência, repenso sempre minha vontade de realmente existir... Não acredito que haja um plano traçado, uma linha sorridente estirada no chão esperando que eu a siga, não há estrada de tijolos amarelos.
Mas eu suspiro, eu agarro o ar com tanta raiva e desespero que faço pressão na alma, silencio vozes no meu próprio purgatório moral. Apago alguns borrões, mas é só de mentirinha... porque quanto mais eu esfrego, quanto mais sabão eu jogo mais eles borram. Lavo tudo com lágrimas, rasgo a pele entre uma faxina e outra... mas eles ainda estão lá. Borrões escrotos.
Eu quero sempre ser melhor, mas ser melhor por vontade de não fazer parte do pior é realmente digno?
Com licença Yan, mas eu me aproprio das suas palavras e digo que choro, eu choro como criança apesar dos anos terem me tornado velha.
"Choro como uma criança embora eses anos me tornaram velhoAceitar como uma maldição um acordo azaradoDeitado pelo portão ao pé do jardimMinha visão entende para fora da barreira do muroNenhuma palavra poderia explicar, nenhuma ação determinarSó assistindo as árvores e as folhas enquanto caem."